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O desafio diário da insuficiência cardíaca

Especialista dá a devida dimensão que essa doença tem no país e reflete sobre as barreiras que precisam ser vencidas para melhorar seu controle

Por Dr. Mucio Tavares de Oliveira Jr., cardiologista*
Atualizado em 1 dez 2021, 17h05 - Publicado em 21 ago 2017, 09h30

Convivo diariamente com pessoas que têm insuficiência cardíaca e vejo quanto elas sofrem limitações por não conseguirem um controle adequado do problema. São 3 milhões de brasileiros que sentem algum tipo de sintoma, como falta de ar, inchaço, dificuldade para respirar e tosse. Essas são as manifestações mais aparentes de quem está sem o tratamento adequado da doença. Mas há outros efeitos que não se vê. E eles são ainda mais graves.

A insuficiência cardíaca é uma doença que reduz a expectativa de vida. A partir do diagnóstico, cerca de 50% dos pacientes morrem em até cinco anos. Pessoas que têm sintomas graves ou que tiveram internações por algum problema cardiovascular apresentam taxa de sobrevida ainda menor: 50% morrem após um ano. Além disso, sofrem com internações frequentes.

A insuficiência cardíaca é a terceira causa de internação no Brasil em pessoas com mais de 60 anos e é por isso que nos últimos anos os esforços têm sido concentrados em mudar esse cenário. Há um empenho no desenvolvimento de métodos diagnósticos, ampliação do acesso a medicações e procedimentos, além de difusão de melhores práticas no cuidado com esses indivíduos. Porém, tanto no Brasil como no mundo, ainda é preciso avançar muito no controle da doença.

Toda a sociedade civil precisa olhar com maior atenção os pacientes cardíacos, especialmente para que sejam orientados a se tratar adequadamente e prevenir complicações. Cuidar da insuficiência cardíaca com o foco apenas nos casos de emergências gera um cenário de grande volume de hospitalizações. O DataSUS registrou em apenas um ano 219 mil internações por essa condição. Além de ser a principal causa de hospitalização de pessoas acima de 65 anos, sua taxa de mortalidade está acima da média de vários tipos de câncer.

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Uma pessoa que não é tratada ou recebe um tratamento inadequado perde independência, qualidade e expectativa de vida. Algumas vezes o diagnóstico é feito após o tempo ideal e o plano terapêutico, instituído tardiamente. Mas o mais comum são os casos em que as doses dos remédios não são ajustadas aos níveis preconizados. Nessas situações, observamos uma deterioração do bem-estar, além de internações frequentes e cada vez mais longas. Quando possível, o transplante ou o implante de dispositivos que melhoram a contração do coração são alternativas, mas, via de regra, o tratamento medicamentoso é a fronteira mais viável.

Para evitar desfechos tão negativos, é fundamental um diagnóstico correto e precoce, bem como uma indicação precisa e sensível dos medicamentos. Também é importante lembrar que sempre há evolução na terapêutica e em breve chegará ao Brasil uma nova classe de remédio que melhora ainda mais a vida do indivíduo com insuficiência cardíaca. É, portanto, fundamental que médicos e pacientes estejam atentos para o correto tratamento, as doses certas e as novas possibilidades.

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A qualidade de vida perdida por causa da insuficiência cardíaca afeta toda a sociedade. Um recente estudo mostrou que o Brasil sofre um impacto na economia de R$ 22 bilhões por causa da doença. No mundo, o custo da doença para a economia é de R$ 330 bilhões por ano.

Para reverter esse cenário, precisamos dar maior prioridade à insuficiência cardíaca enquanto questão de saúde pública. Precisamos conscientizar os médicos e convencer o paciente a manter adesão ao tratamento dessa doença incapacitante. A insuficiência cardíaca é um desafio que os cardiologistas precisam enfrentar em seu dia a dia para que milhões de brasileiros possam ter um envelhecimento com saúde e qualidade de vida.

* Dr. Mucio Tavares de Oliveira Jr. é cardiologista, diretor da Unidade de Emergência do Instituto do Coração, o InCor, e membro da Rede Brasil de Insuficiência Cardíaca (Rebric)

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