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Investimento e pesquisa são cruciais para a genética no Brasil

Pesquisador e empreendedor discute o que falta para nosso país deslanchar nesse setor importante na prevenção, diagnóstico e tratamento de inúmeras doenças

Por Ricardo di Lazzaro Filho, médico e cofundador do laboratório Genera*
23 ago 2020, 12h34

O primeiro genoma humano foi sequenciado há quase 20 anos e as consequências e os resultados desse feito têm sido colhidos principalmente na última década. A partir de algumas técnicas desenvolvidas, empresas focadas em genômica pessoal foram criadas com o objetivo de reunir um pouco de tudo o que vem sendo descoberto e levar informações preciosas a pessoas com ou sem nenhuma doença prévia por meio de testes genéticos.

Hoje esses exames podem tanto buscar mutações relacionadas a síndromes raras como alterações ligadas a doenças mais comuns, gerando impactos positivos no diagnóstico e no tratamento. Dentro dessa perspectiva, já é notável a diferença que a evolução nos testes genéticos pode fazer na vida das pessoas. E isso tudo só foi e é possível graças aos investimentos feitos em pesquisa e tecnologia ao redor do mundo.

Existem dois exemplos recentes que mostram a importância desses investimentos. Um deles é o exame de sangue que pode identificar o Alzheimer até 20 anos antes dos primeiros sintomas da doença. Cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, identificaram que isso pode ser feito por meio de biomarcadores sanguíneos — um deles é uma variação genética que eleva a propensão ao problema.

O segundo exemplo é o sequenciamento do genoma do novo coronavírus, que tem sido essencial para o desenvolvimento da futura vacina. Ambos os casos são resultados dos investimentos em pesquisa e, consequentemente, no mercado genético.

Como referência podemos nos basear em alguns países que se destacam na área. Os Estados Unidos, por exemplo, são o principal mercado genético e de inovação em saúde do mundo. Temos também o Reino Unido que, através do banco de dados UK Biobank, reúne informações genéticas, socioeconômicas e de saúde de 500 mil britânicos.

Outro case é a Islândia, que sequenciou o genoma de grande parte de sua população em parceria com uma empresa privada, o que possibilita planejar uma série de estudos históricos e de saúde. Por fim, a Espanha e a Alemanha também tiveram um desenvolvimento significativo nesse segmento.

O Brasil também tem um enorme potencial para se destacar no ramo, uma vez que temos grupos de pesquisa de nível mundial e somos responsáveis por publicações relevantes no campo da genômica. O problema é que a ciência vem sofrendo muito por aqui.

Mesmo tendo grandes universidades e profissionais excelentes, com a falta de investimento no setor e a redução em bolsas e projetos científicos, é comum os pesquisadores saírem do país em busca de melhores oportunidades. O capital humano e tecnológico agregado lá fora faz com que o Brasil continue a depender bastante do que é desenvolvido no exterior.

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Sim, o mercado genético está em franco crescimento no mundo, inclusive por aqui. Só que ainda vive uma fase embrionária, que depende de apoio para expandir. Estamos no início de uma revolução a caminho da medicina personalizada, preditiva, preventiva e até mais participativa, em que as pessoas serão capazes de entender o seu próprio genoma e como isso interfere em sua saúde e qualidade de vida.

Mas tudo isso só será possível com investimentos em ciência, pesquisa e tecnologia, capazes de aperfeiçoar e baratear esses recursos a fim de torná-los mais acessíveis à nossa população.

* Ricardo di Lazzaro Filho é médico e farmacêutico-bioquímico, mestre em Aconselhamento Genético e Genômica Humana, doutorando em Genética e Biologia Evolutiva pelo Instituto de Biociências da USP e sócio-fundador do laboratório Genera

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