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Garantir saúde, carinho e bem-estar na infância. Esse é o objetivo de cada linha escrita por Kelly Oliveira, pediatra e consultora internacional de amamentação.
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A verdade que não te contam sobre o abuso sexual infantil

Na pandemia de Covid-19, é ainda mais crucial trazer esse assunto à tona

Por Kelly Oliveira
30 Maio 2021, 18h12

Era dia 18 de maio de 1973, uma menina de apenas 8 anos de idade saía de sua casa para ir à escola. Ela nunca mais voltou. Seis dias após o desaparecimento, Araceli foi encontrada morta. Após a realização da perícia, descobriu-se que ela havia sido brutalmente espancada e estuprada. Hoje, milhares de crianças como Araceli pedem socorro. Você irá atender?

Uma em cada três crianças no Brasil é abusada sexualmente até os 18 anos de idade, sendo que a maioria dos abusadores são parentes próximos, que convivem diariamente com o menino ou a menina. Só que fechamos os olhos diante dessa urgente realidade.

Durante a pandemia do coronavírus, lutamos diariamente contra um inimigo que ceifou milhares de vidas ao redor do mundo. Mas o abuso sexual infantil é uma preocupação um tanto quanto crescente, e que tem chamado a atenção de autoridades no Brasil e no mundo. Por vezes, ele vem acompanhado de mais problemas, como violência física, pornografia, pedofilia, bullying e tantas outras coisas sombrias que não gostamos sequer de pensar.

Infelizmente, a agressão contra crianças não conhece fronteiras. Na maioria dos casos, como comentei, elas são vítimas de violência nas mãos de pessoas em quem confiam. Isso justifica o aumento de ocorrências de abuso infantil durante o isolamento social imposto pela pandemia, já que, nessas circunstâncias, os agressores permanecem dentro de casa em tempo integral com a criança. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 37% dos casos de abuso infantil, o criminoso é da família – em 81,6% das situações, são homens.

A violência sexual é velada, obscura e travestida de medo, vergonha e tabus. Muitas crianças nem conseguem compreender que são vítimas de um crime. Até porque, vale reforçar, o abusador costuma ter a sua confiança. Assim, ele se aproveita sem que ninguém no entorno perceba nada.

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Independentemente de qual tipo seja, a violência sexual traz problemas que impactam o resto da vida de uma pessoa. São danos incalculáveis, que podem ter repercussões cognitivas, emocionais, comportamentais, físicas e sociais – isso quando não é até mesmo fatal, como aconteceu com a pequena Araceli.

Esse é um problema que jamais deveríamos ignorar. Não podemos silenciar nossas vozes para algo tão importante quanto a proteção de nossas crianças.

E, mais do que apenas escrever esse texto, quero te pedir um favor: entenda o que você também pode fazer. Esteja atento aos sinais. Porque a criança que está sofrendo algum tipo de abuso dá pistas disso. Veja alguns indícios:

  1. Analise grandes mudanças comportamentais, além de perda de apetite, apatia, medo aparente de ser tocado (mesmo que para um simples abraço dos pais), ansiedade e explosões de raiva.
  2. Observe hábitos fora do comum, como a criança passar a ter medo extremo de ficar sozinha ou de permanecer perto de certas pessoas. Oscilações de humor e até adoecimento (físico e mental) também merecem olho vivo.
  3. Esteja atento a possíveis traumas físicos, como surgimento de roxos pelo corpo, inchaços e qualquer alteração na região genital e anal.
  4. Identifique se a criança está usando termos eróticos em suas conversas, fazendo desenhos sexuais, dando nomes diferentes às suas partes íntimas ou se apresenta um comportamento erotizado com ela mesma e/ou com outras crianças.
  5. Fique alerta quanto a regressões comportamentais. Por exemplo: voltar a chupar o dedo ou fazer xixi nas calças.

Se houver suspeita de violência de qualquer tipo à criança, não hesite em denunciar. Há caminhos para isso. Você pode utilizar o Disque 100, um serviço de disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações aos direitos humanos.

Também é possível denunciar na delegacia especializada da criança e do adolescente ou diretamente no Conselho Tutelar.

E o mais importante disso tudo: ouça a criança. Acredite no que ela está contando. Em situações de abuso, 92% das crianças dizem a verdade, sendo que 8% das invenções são induzidas por adultos. Não ignore um pedido de socorro.

Não podemos nos calar diante dessa realidade. Que mais Aracelis não tenham sua infância roubada, seu futuro selado e sua vida ceifada por algo tão inaceitável em nossa sociedade. E que eu e você possamos fazer a diferença nessa história.

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