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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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O apagão no Amapá e seus efeitos no controle do diabetes

Imagine você com diabetes ficando 96 horas sem energia para acondicionar a insulina e os alimentos e sem acesso a internet e telefone!

Por Carlos Eduardo Barra Couri
9 nov 2020, 10h19

Na terça-feira, dia 3 de novembro, recebi uma excelente notícia de uma querida paciente minha que mora em Macapá, a capital do Amapá. Ela acabara de ter alta hospitalar após necessitar de cuidados médicos por causa da Covid-19. Ainda estava um pouco fraca, necessitando de fisioterapia, mas muito feliz.

Essa paciente tem diabetes tipo 2 e costumava utilizar comprimidos para controlar a glicose antes de ser infectada pelo coronavírus. Com a infecção, porém, enfrentou um aumento na glicemia e teve de sair do hospital usando doses de insulina. Nem pense em considerá-la azarada. A santa insulina salvou sua vida. Sem o medicamento que reproduz a ação do hormônio no corpo, seria impossível domar a glicose direito e impedir um pior desfecho no quadro de Covid-19.

Mas justamente naquela terça-feira houve um incêndio na principal subestação de energia elétrica do estado do Amapá. Apagão geral na maioria das cidades do estado! Outro desafio começava para minha paciente e todos os outros que dependem da santa insulina.

Para quem não sabe, os recipientes de insulina devem permanecer em temperatura entre 2 e 8 graus quando fechados e até no máximo em 30 graus depois de utilizados pela primeira vez. Isso mesmo: o medicamento tem de ser armazenado na geladeira. Mas como a geladeira funciona em casa sem energia? E os equipamentos para acondicionar os remédios nas farmácias, nos postos de saúde e hospitais?

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Segundo minha paciente, várias drogarias tiveram enormes perdas de medicamentos que precisam ficar refrigerados. Como é que fica a vida das pessoas que dependem desses produtos? Eu pedi a minha paciente que comprasse algumas unidades de insulina a mais, mas, até a conclusão deste texto, a energia não havia sido plenamente restabelecida por lá. Agora imagine quem não pode comprar unidades a mais!

No Amapá, costuma se dizer, o calor é tamanho que parece haver um sol para cada um. Sem geladeira, em casa ou no comércio, perde-se rapidamente uma porção de alimentos. Sem energia, os preços de diversos produtos decolam. Um galão de 20 litros de água estava sendo vendido a 50 reais. Como é que fica a hidratação da população, ainda mais para quem tem diabetes ou outra doença crônica?

Na ausência da eletricidade, também é um parto fazer contatos telefônicos e usar a internet. Como é que os pacientes podem conversar com seu médico para ajustar as doses de insulina? Minha paciente teve que enviar seu filho até o aeroporto de Macapá, porque é lá que fica a torre de telefonia celular mais próxima de sua casa que ainda estava funcionando. Nada de WhatsApp, e-mail ou telefone dentro de casa.

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Pois é, parece que voltamos no tempo, quando ainda se desbravava o território do Amapá. Quantos casos como o da minha paciente ou até mais graves estão ocorrendo nesse momento no estado? O Hospital da Mulher Mãe Luzia ficou sem energia! Outros operam à base de geradores a óleo diesel.

Esperamos que o poder público tenha consciência de que a situação é dramática e possa resolver quanto antes o problema. Há pessoas mais vulneráveis que, sem apoio, podem literalmente morrer com a falta de energia e suas consequências.

Viva a energia elétrica! Viva a santa insulina!

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