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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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A busca da cura para o diabetes tipo 1 com as células-tronco

Terapia celular é estudada no Brasil e lá fora para controlar a doença. Conheça essa história e os últimos desdobramentos com nosso colunista

Por Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 18 mar 2021, 17h55 - Publicado em 17 mar 2021, 09h25

O diabetes tipo 1 é uma das doenças crônicas mais comuns na infância e na adolescência. Só no Brasil, a Federação Internacional de Diabetes estima que tenhamos cerca de 100 mil jovens com a doença. Muito se espera da terapia com células-troncos na remissão de diversas enfermidades. E com o diabetes tipo 1 não é diferente.

O ponto crucial para compreender o papel das células-tronco no diabetes tipo 1 é saber, em primeiro lugar, que falamos de uma doença autoimune. Em outras palavras: o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas. E, até hoje, em pleno século 21, não sabemos a causa exata desse fenômeno.

Daí que de pouco adianta regenerarmos o pâncreas com “caminhões” de células-tronco se o sistema imune voltará a destruir as células lá no órgão.

Como contornar isso? Bem, a história com as células-tronco no diabetes tipo 1 começa em 2003 na USP de Ribeirão Preto com um grupo criado pelo saudoso professor Julio Voltarelli e do qual tenho a honra de fazer parte. Bolamos ali um método baseado no “reset imunológico“. Basicamente isso significa desligar a imunidade com altas doses de quimioterapia e, depois, reiniciar um novo sistema imune com células-tronco obtidas da medula óssea do próprio paciente.

A ideia é preservar as células do pâncreas que ainda não foram devastadas, ainda que não regeneremos aquelas já destruídas. Assim, a terapia é utilizada em caráter experimental apenas em indivíduos com menos de seis semanas de diagnóstico — durante a pandemia, não estamos incluindo novos pacientes nas pesquisas.

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O primeiro estudo com essa técnica no mundo, que fizemos na USP, mostrou ser possível suspender o uso da insulina na maioria dessas pessoas, pelo menos temporariamente (por meses ou anos). E a pesquisa foi replicada, com igual sucesso, em outros países.

Devido aos riscos relacionados ao tratamento quimioterápico e à complexidade de todo o procedimento, essa terapia exige uma infraestrutura adequada e uma equipe ultraespecializada — o que o torna pouco prático por enquanto.

Nos Estados Unidos, vemos hoje os mais novos e promissores projetos com células-tronco. Um deles, da empresa Via Cyte, desenvolve células pancreáticas a partir de células-tronco embrionárias em laboratório e as envelopa numa cápsula que impede o ataque pelo sistema imune. O dispositivo é implantado na pele e as células-tronco migram e se transformam nas ilhas pancreáticas que produzirão insulina — como se fosse um mini-pâncreas.

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Outro projeto interessante e parecido é tocado pela empresa Semma Therapeutics, que desenvolve diretamente células pancreáticas a partir de células-tronco embrionárias e as implanta na pele em um outro tipo de envelope que impede as estocadas do sistema imunológico.

Funcionando como mini-pâncreas, tais dispositivos celulares teriam a capacidade de detectar o valor da glicose no sangue e produzir insulina conforme a necessidade, sem a necessidade de medições frequentes da glicemia, contagem de carboidratos etc.

Ainda não há informações publicadas sobre o número de pacientes testados nem resultados preliminares dos estudos, mas as perspectivas são as melhores, pois o encapsulamento evita o uso de medicamentos imunossupressores e diminui o risco do procedimento.

Por ora, temos de aguardar… E, enquanto as novidades ainda estão no campo das pesquisas, devemos continuar com o tratamento e o acompanhamento médico para controlar o diabetes tipo 1.

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