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Por que os meninos adolescentes precisam de um especialista

O que está por trás da campanha #VemProUro, que defende que, a exemplo das meninas, os garotos precisam de uma abordagem mais próxima com um médico

Por Dr. Daniel Suslik Zylbersztejn, urologista*
28 set 2018, 12h21

O que faz um jovem adolescente ser diferente de uma garota da mesma idade? Para o mais desavisado, essa parece ser uma pergunta tola, pois as diferenças são inúmeras, a começar pelo aspecto físico e comportamental. Mas existe uma característica muito peculiar que opõe de forma incontestável as meninas e os garotos numa fase muito específica da vida denominada puberdade: os cuidados com a saúde.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicou em 2010 um interessante estudo epidemiológico sobre as diferenças de atenção disponibilizada para a saúde das mulheres em relação aos homens. Aproximadamente 80% das visitas médicas ao ginecologista são realizadas por mulheres dos 15 aos 44 anos, sendo 20% realizadas por mulheres abaixo de 24 anos. O principal motivo de consulta para elas é o cuidado preventivo de doenças, totalizando 71% das consultas.

Os homens, por sua vez, totalizaram 16% de visitas ao urologista na mesma faixa de idade (15-44 anos), com apenas 4% sendo realizadas por jovens abaixo de 24 anos. Surpreendentemente, dessas consultas apenas 8% visam à prevenção de doenças. Embora esses dados sejam dos EUA, nós podemos imputar esses números para nossa realidade social, já que tendemos a reproduzir muito frequentemente os hábitos socioculturais dos americanos.

Infelizmente, nós não temos com os nossos jovens o mesmo hábito de cuidados com a saúde como fazemos magistralmente com as meninas ao entrar na puberdade. Os pais, de forma cultural e automática, levam suas filhas no início da adolescência ao consultório do ginecologista. Orientações sobre ciclo menstrual, saúde reprodutiva, sexualidade, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis são alguns dos assuntos abordados de forma rotineira nas consultas. O ginecologista terá a responsabilidade de acompanhar por muitos anos todos os aspectos da saúde feminina, tendo inclusive a oportunidade de agir como confidente sobre os mais diversos assuntos referentes à vida da garota.

E os nossos jovens? Conforme a pesquisa citada, a visita ao consultório do médico urologista ainda é uma ficção. Frequentemente essas “consultas” são realizadas com os próprios amigos ou em buscas de conhecimento pela internet, muitas vezes repleta de informações equivocadas e de fake news.

A realidade de hoje é que encontramos o adolescente do sexo masculino desamparado na sua avaliação médica, sem ações preventivas e sem orientação especializada quanto à promoção de saúde. A ida ao médico ocorre sobretudo na vigência de doenças e muitas vezes apenas no âmbito do serviço de pronto-socorro.

Uma vez tratado o problema, volta-se à rotina de poucos cuidados. Chegou o momento de modificarmos essa situação de pouco caso com o bem-estar dos nossos garotos. Precisamos estruturar uma mudança de hábito cultural frente a essa situação. É com essa finalidade que a Sociedade Brasileira de Urologia, por meio do seu Departamento de Sexualidade e Reprodução, lançou a campanha #VemProUro, de conscientização da saúde do adolescente.

Essa campanha, inédita no país, tem como objetivo desmistificar a ideia de que os garotos não necessitam de tantos cuidados como as meninas da mesma faixa etária, conceito amplamente arraigado em nossa sociedade. Esse preconceito que temos com a saúde dos garotos deve dar espaço para novas atitudes, tanto dos pais quantos dos médicos.

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Ao levá-los para uma consulta com o urologista, abre-se a oportunidade de inúmeras ações de prevenção e diagnóstico precoce: identificar comportamentos de risco, como uso de drogas ilícitas, tabagismo e uso abusivo de álcool; promover a utilização do preservativo para prevenção de DSTs e de gravidez indesejada; detectar doenças que possam trazer prejuízos no futuro, como a varicocele, que pode afetar a fertilidade; esclarecer sobre a aplicação de vacinas para proteção contra o HPV, imunizante preconizado a garotos de 11 a 14 anos e disponível gratuitamente pelo SUS.

Para esclarecer melhor toda a população sobre o tema, a SBU desenvolveu o site portaldaurologia.org.br/jovem, contendo inúmeros artigos de profissionais da área da saúde sobre as mais diversas questões que envolvem a vida dos nossos adolescentes. Se você tem entre 15 e 19 anos, não deixe de visitar um urologista e entender as mudanças que estão acontecendo no seu corpo. A prevenção também deve ser incentivada e exercida ainda nessa fase.

Vamos transformar o comportamento de toda a sociedade no que diz respeito à saúde de nossos jovens. A visita ao urologista pode, e deve, se tornar uma atitude automática e corriqueira entre os garotos, como já acontece entre as mulheres há muitos anos.

* Dr. Daniel Suslik Zylbersztejn é urologista, membro do Departamento de Sexualidade e Reprodução da Sociedade Brasileira de Urologia, e idealizador e coordenador da Campanha de Conscientização da Saúde do Adolescente Masculino

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