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O coração de quem enfrenta o câncer de mama

Jornalista conta sua trajetória frente à doença e ao tratamento, que pode afetar o coração, e o trabalho de um centro pioneiro na cardio-oncologia

Por Valéria Baracat, fundadora do Instituto Arte de Viver Bem*
Atualizado em 18 out 2021, 10h15 - Publicado em 18 out 2021, 10h15

“Estou com câncer”. Quando se ouve isso de alguém, a tendência é achar que se trata de algo isolado: quem tem câncer não tem outra doença. E isso, claro, não é uma verdade absoluta. O paciente pode ter gripe, diabetes ou qualquer outra condição, inclusive as decorrentes do tratamento oncológico.

Pois é. Eu estou com câncer e também com outra doença. A boa notícia é que estou sendo muito bem tratada.

Luto contra o câncer desde 2004 e sempre busquei ter mais qualidade de vida e ficar com os exames de rotina em dia. Na última das três recidivas que enfrentei, em 2020, descobri uma mutação genética. O câncer do tipo HER2 negativo virou HER2 positivo, com metástase local, ou seja, não saiu da região da mama. Uma breve explicação:  HER2 é uma proteína responsável pelo crescimento de células mamárias. O câncer HER2 positivo representa cerca de 30% dos tumores de mama no mundo hoje.

E lá foram novas mudanças no tratamento, com mais sessões de quimioterapia, hormonioterapia e o uso de medicações que combatem a doença e a metástase, como o trastuzumabe e o pertuzumabe, que atuam justamente contra as células atingidas pela proteína HER2.

+ LEIA TAMBÉM: Câncer de mama de volta ao alvo

Após um ano do novo tratamento, o ecocardiograma indicou uma alteração nos meus batimentos cardíacos. Isso pode ocorrer como efeito colateral dos medicamentos, devido à toxicidade da químio e do trastuzumabe e do pertuzumabe.

Assim, com câncer e, agora, uma cardiopatia, entendi ainda mais a importância de ter um tratamento multidisciplinar. Precisamos de profissionais que nos ajudem a vencer o câncer, os problemas no coração e outros perrengues no caminho.

E é melhor ainda quando se pode estudar e enfrentar as duas patologias em conjunto. Pois há dez anos o Instituto do Coração (InCor) e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) se uniram para criar a Unidade Clínica de Cardio-Oncologia (UCC), um departamento pioneiro no mundo. Após uma década em funcionamento, agora esse centro ganha um espaço próprio e se tornará ainda mais conhecido do público.

Nesse tempo, muitas vidas já foram salvas. E, sim, estou entre esses inúmeros pacientes da UCC, o que tem ajudado demais em minha qualidade de vida. É um centro de excelência que atende pacientes do SUS de graça e também dá assistência a pessoas com plano de saúde.

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Cuidar do coração da mulher com câncer de mama é uma questão que não pode passar mais batida. Como explica o mentor deste projeto do InCor e do Icesp, o cardiologista Roberto Kalil Filho: “O trastuzumabe, tratamento para câncer de mama metastático, por exemplo, pode agredir o músculo do coração. Mas, se isso for detectado precocemente, podemos resolver o problema com medicamentos. O oncologista dá continuidade ao tratamento, e nós seguimos acompanhando e controlando o coração.”

Esse é o meu caso! E o melhor ainda vai acontecer: assim que terminar de tomar os remédios, meu coração voltará a bater normalmente.

Avanços assim enchem de esperança os brasileiros que encaram qualquer tipo de câncer e seu tratamento. E trabalhos como o do UCC, que reúnem no mesmo endereço cuidados simultâneos frente ao câncer e às cardiopatias, comprovam que não podemos tratar nosso corpo como algo fragmentado, como se cada órgão não tivesse relação com os outros e o todo.

Zelar pelo coração, esteja ele sofrendo ou não por causa da terapia oncológica, é crucial para inclusive seguir a batalha contra o câncer. Quanto mais os pacientes forem atendidos de maneira integral, mais bem serão tratados e mais qualidade de vida vão ter. A criação e expansão da UCC é um exemplo e um estímulo para o nosso país.

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* Valéria Baracat é jornalista, psicóloga e fundadora do Instituto Arte de Viver Bem, de apoio a mulheres com câncer de mama

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