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“Não sou uma mulher completa”: quando a infertilidade encontra a depressão

Mulheres com dificuldades para engravidar estão mais sujeitas a quadros depressivos. Médica explica a importância de acolher e tratar situações desse tipo

Por Paula Fettback, ginecologista especialista em fertilidade*
13 out 2021, 10h30

Para nós, ginecologistas que trabalham com infertilidade, a frase que aparece no título deste artigo é muito dura, difícil de se ouvir de uma paciente. O que está por trás dela é uma mulher tentando engravidar sem sucesso pelos meios naturais. E sentindo uma profunda frustração com isso.

As razões para esse estado emocional podem ser as mais diversas: envolvem autocobrança, pressão de familiares ou da sociedade e, principalmente, uma legítima vontade de ser mãe. É crucial tocarmos nesse assunto, especialmente quando levamos em consideração que a infertilidade atinge 15% dos casais, independentemente de a causa estar no homem ou na mulher, mas é sobre ela que ainda recai o peso de aumentar a família.

Esse é um peso que inclusive pode abrir as portas para problemas psicológicos mais graves. Um estudo publicado no periódico médico Fertility and Sterility identificou que a prevalência de depressão tem um crescimento significativo em mulheres depois de dois a três anos do diagnóstico de infertilidade, em comparação com as que o possuem há menos de um ano ou mais de seis anos.

Observou-se também que, quando a causa da infertilidade está claramente estabelecida, há uma maior probabilidade de depressão do que em casos em que o diagnóstico não está fechado ou a investigação ainda não foi realmente iniciada.

Isso pode ter relação com o fato de que a mulher com o diagnóstico já tem a certeza da sua infertilidade, enquanto, nos demais casos, o quadro suscita dúvidas e a esperança da reversão. De fato, há o que chamamos de infertilidade idiopática, quando um casal jovem (mulheres até 35 anos) está há mais de um ano tentando engravidar e não foi encontrada causa para a não concretização de uma gestação por meios naturais.

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É importante lembrar que a mulher tende a ser mais impactada por questões ligadas à saúde mental e isso tem a ver, em geral, com componentes sociais, como o acúmulo de funções (esposa, gestora do lar, trabalhadora). A pandemia deixou ainda mais evidente a necessidade de olharmos para o bem-estar delas: a Kaiser Family Foundation, uma ONG americana, identificou que 47% das mulheres entrevistadas sentiram o impacto psicológico do isolamento social com sintomas de ansiedade e depressão, contra 38% dos homens.

Diante das evidências, há dois pontos que precisam ser levados em consideração por famílias que estejam enfrentando essa batalha dupla contra um transtorno mental e a infertilidade. Em primeiro lugar, a depressão é uma doença que requer diagnóstico e tratamento.

LEIA TAMBÉM: Nova era no combate à depressão

Não é uma tristeza passageira, mas uma condição que prejudica a qualidade de vida e só pode ser reequilibrada com apoio de profissionais especializados, lançando mão de psicoterapia e, se necessário, medicamentos.

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O segundo ponto é que esse final pode ser feliz do ponto de vista de uma gestação saudável. A medicina evoluiu muito e, hoje, a fertilização in vitro com óvulo ou espermatozoide doado é uma alternativa que deve estar no radar dos casais.

Ainda que não seja a escolha inicial de quem sonha em gerar o próprio filho, sempre há, também, a possibilidade de adoção. Afinal, um filho do coração, como dizem, será sempre um filho. A escolha do melhor caminho a ser seguido é individualizada e é preciso contar com a sensibilidade de familiares e colegas para descartar de vez cobranças e julgamentos.

Voltando à frase enunciada no título… A jornada de um casal em busca de aumentar a família já pode ser suficientemente complexa. Aos outros, cabe acolher e oferecer ajuda, sobretudo se houver suspeita de um quadro sério como a depressão.

* Paula Fettback é ginecologista, doutora em Obstetrícia e Ginecologia pela USP e especialista em infertilidade

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