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Hepatites virais: não podemos deixar ninguém para trás

No dia mundial de combate a essas doenças, médico explica como podemos ampliar o controle das hepatites, também prejudicado pela pandemia

Por Paulo Bittencourt, hepatologista*
Atualizado em 8 Maio 2023, 11h03 - Publicado em 28 jul 2021, 10h37

As hepatites virais são causadas por vírus que infectam as células do fígado e podem provocar hepatite aguda, hepatite fulminante, hepatite crônica, cirrose e câncer. São mais conhecidas como hepatites A, B, C, D e E.

As hepatites A e E são de transmissão fecal-oral, adquiridas pelo consumo de água e alimentos contaminados. Causam hepatite aguda, na maioria das vezes assintomática, e, na idade adulta, têm maior risco de evolução para hepatite fulminante.

As hepatites B e C podem causar hepatite aguda e progredir, de forma silenciosa, para hepatite crônica, cirrose e câncer de fígado. A B é transmitida principalmente por via sexual e também por via vertical — da mãe para o bebê durante a gestação ou no parto.

Já a tipo C ocorre principalmente pelo compartilhamento de objetos perfurocortantes contaminados ou não descartáveis: tesouras, alicates de unha ou navalhas não adequadamente esterilizados, agulhas e seringas. A hepatite D, por sua vez, é mais frequente na Amazônia e se manifesta apenas em pessoas com infecção pelo vírus da hepatite B.

O movimento Julho Amarelo chama a atenção para as hepatites virais em todo o mundo, ainda que os cuidados com essas doenças devam se estender pelo ano todo. Hoje na hepatite C, por exemplo, temos uma linha de detecção e tratamento mais efetiva e simplificada, que abrange a maior disponibilidade de testes rápidos nas unidades básicas de saúde (UBS) e a recente introdução de medicamentos antivirais orais que levam à cura da doença após três meses de uso em mais de 95% dos casos.

+ LEIA TAMBÉM: O que o diabetes tem a ver com a hepatite C

Para se ter ideia, ao redor de 1% da população brasileira tem hepatite C, principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos.

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Já a hepatite B acomete entre 0,5 e 6,2% das pessoas em nosso país — a distribuição é heterogênea por aqui, sendo maior na Amazônia. Diferentemente da hepatite C, a B apresenta maior complexidade para diagnóstico, com diferentes marcadores laboratoriais, e tratamento com antivirais orais que, embora induzam à supressão da carga viral, impedindo progressão para cirrose e câncer de fígado, não oferecem a cura.

Esses dados impressionam e poderiam ser reduzidos com a adoção de algumas estratégias:

  • Uso de preservativo para evitar a transmissão sexual;
  • Acompanhamento pré-natal, disponível pelo SUS, para impedir a transmissão vertical;
  • Vacinação, contemplada pelo Plano Nacional de Imunizações desde 1998 e hoje disponível a qualquer faixa etária.

Por falar em vacina para hepatite B, informações do Ministério da Saúde revelam que apenas 49% da população brasileira tomou as três doses do imunizante necessárias, seja por desconhecimento, seja por hesitação, seja pela ação de movimentos antivacina — que, não bastasse prejudicar a vacinação contra a Covid-19, afeta a da hepatite B, a despeito da segurança e da eficácia desses imunizantes.

Fica também na conta da Covid-19 a desarticulação do plano de eliminação das hepatites virais até 2030, pactuado pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a meta de detectar 90% das pessoas infectadas, tratar 80% dos casos diagnosticados, reduzir em 90% o número de novas infecções e diminuir a mortalidade atribuída a essas doenças em 65%.

Dados do governo indicam redução de 40 a 50% no número de testes rápidos distribuídos para as UBSs e um decréscimo proporcional no número de pessoas tratadas para hepatite C — de 36 658 em 2019 para 19 219 indivíduos em 2020. Houve também redução no número de postos e nas campanhas de testagem.

+ LEIA TAMBÉM: Vacinas salvam vidas, mas nem sempre falamos delas nas consultas

Após cerca de um ano e meio no mesmo cenário de saúde, vemos a possibilidade de incremento da morbidade e da mortalidade por uma série de doenças, entre elas as hepatites virais, que ficam como mais uma sequela da pandemia.

Assim, no mês de combate às hepatites virais, o Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG) recomenda a todos os brasileiros com idade maior de 40 anos que realizem, ao menos uma vez na vida, o teste rápido para hepatite C. E a todos com idade superior a 20 anos que verifiquem sua situação vacinal para hepatite B. Quem não tem certeza de ter seguido o regime de três doses da vacina na infância deve fazer o teste rápido para hepatite B; em caso negativo, vacinar-se quanto antes.

A maioria dos brasileiros que entram em fila de transplante de fígado, ou que recebem o diagnóstico de câncer hepático, conviveu com a Hepatite B e C por décadas, sem ter percebido qualquer sintoma. Fique atento! Para saber onde fazer os testes ou tomar as vacinas, basta enviar uma mensagem por WhatsApp para o tudosobrefigado no 0800 882 8222.

* Paulo Bittencourt é hepatologista e presidente do Instituto Brasileiro do Fígado (IBRAFIG)

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