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Correr (com segurança) faz bem à saúde

Ortopedista do Time Maratona CAIXA da Cidade do Rio de Janeiro explica como a ciência encoraja a prática, desde que se tenha o acompanhamento adequado

Por Dr. Sérgio Maurício*
21 fev 2017, 11h12

Há aproximadamente duas décadas, uma geração de pesquisadores deu início a um movimento de combate ao sedentarismo. Diversos estudos foram publicados mostrando que a falta de atividade física aumentava em muito o risco de doenças cardíacas, vasculares ou cerebrais. Isso foi um divisor de águas entre um calçadão vazio na década de 1990 e um abarrotado de corredores nos domingos atuais.

De lá pra cá, houve uma enxurrada de novos artigos científicos confirmando essas hipóteses e acrescentando muitos outros benefícios à prática de exercícios, como a redução no risco de tumores, problemas ortopédicos, distúrbios hormonais, demência e Alzheimer. Steven C. Moore e colaboradores da Divisão de Epidemiologia do Câncer e Genética do Centro Médico de Rockville, nos Estados Unidos, comprovaram que realizar 150 minutos de exercício por semana baixa a probabilidade de desenvolver 13 tipos de câncer.

A corrida, esporte prático e barato, foi ganhando adeptos e hoje possui uma verdadeira legião de “viciados” pelas ruas. É lindo passar alguns minutos na linha de chegada das provas e assistir a todos os tipos de corredores ao fim de suas jornadas, com sorrisos que mal cabem nos rostos e lágrimas que banham o corpo suado.

Só que, junto a essa paixão, vejo crescer a cada dia o desejo de “quero mais, e quero logo”. Pessoas que se iniciaram no mundo das corridas há seis ou 12 meses já querem concluir uma meia, ou até mesmo uma maratona, e isso me preocupa. Além dos 42,195 km no dia da prova, os três meses que a antecedem têm em média 1000 km de treinamento!

Sabemos que a corrida nos envolve, muda para melhor nossos hábitos e às vezes nos empolgamos com isso. Mas é preciso ir com calma! Leva um tempo para que nossos pulmões, coração, ossos, fibras musculares e tendões se adaptem ao esporte. Há uma alta carga de impacto repetitivo e, se não nos cuidarmos, a conta irá chegar. E ela sempre chega! Pesquisadores dinamarqueses identificaram que corredores iniciantes têm uma taxa média de 17,8 lesões para cada 1000 horas praticadas, enquanto corredores recreacionais mais experientes possuem uma taxa de 7,8 dentro do mesmo período.

Por isso, recomendo a todos que estão entrando nesse mundo que procurem um bom educador físico, de preferência com experiência em corrida. Esses profissionais sabem a dose certa de exercício no início — e, por mais que você ache que é pouco, o treinador sabe o que faz!

Outra recomendação é contar com um nutricionista esportivo. Correr por uma hora gasta em média mil calorias e causa diversas microlesões que nem chegamos a perceber. Porém, se não nos reabastecermos de energia e nutrientes suficientes, haverá deficiência no reparo, predispondo a lesões realmente sérias, caso de fraturas por estresse, tendinites e até estiramentos musculares.

A literatura médica também mostra que a associação da corrida com exercícios para fortalecimento, como musculação, pilates ou treinamentos funcionais, melhora em muito a qualidade das fibras musculares. A grande vantagem disso é o ganho no limiar da fadiga. Ou seja, quando estamos correndo, cansamos mais tarde, além de conseguir manter uma passada firme e postura equilibrada por mais tempo.

Com relação às temidas lesões ortopédicas, a grande maioria provém do impacto repetitivo. Então, se suspeitar de uma delas, não insista no erro! Interrompa seus treinos e procure um ortopedista para que um diagnóstico preciso seja feito e o tratamento instituído. Muitas vezes conseguimos tratar o problema apenas diminuindo a intensidade e o volume dos treinos ou temporariamente substituindo por outras atividades aeróbicas como ciclismo e natação, para que o corredor não perca tanto o condicionamento conquistado.

Por fim, recomendo a todos que procurem um cardiologista antes do início de qualquer atividade do tipo. As duas principais causas de parada cardíaca em pessoas abaixo de 40 anos, a displasia arritmogênica do ventrículo direito e a miocardiopatia hipertrófica, podem ser detectadas por meio de um simples eletrocardiograma.

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Corra, mas corra com saúde para que seus “kms” fiquem ainda mais prazerosos. Bons treinos e boas corridas!

*Dr. Sérgio Maurício é ortopedista e cirurgião de joelho, além de maratonista. É membro do Time Maratona CAIXA da Cidade do Rio de Janeiro, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ) e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).

***

A Maratona CAIXA da Cidade do Rio de Janeiro chega à sua décima quinta edição. Mais informações no site oficial: https://maratonadorio.com.br

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