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Comunidades compassivas: um modelo de cuidado para o Brasil

Professor explica modelo de assistência baseado em laços comunitários e conta experiência que abrange cuidados paliativos junto a populações mais carentes

Por Alexandre Silva, enfermeiro*
13 jun 2021, 11h02

Integro, no Rio de Janeiro, um grupo que desenvolve um trabalho em favelas chamado “Comunidade Compassiva”. Somos pessoas que se uniram para cuidar dos mais necessitados e carentes nas mais diversas dimensões que o cuidar exige.

Foi estudando e praticando os cuidados paliativos que cheguei à Rocinha e ao Vidigal. Ao deparar com a precariedade de muitos pacientes acamados, procurei protagonistas locais que, de alguma forma, já cuidavam de seus moradores vizinhos para que eu pudesse conhecer melhor o cenário e a rede de saúde ali instalada.

Fazer esse trabalho sozinho não se sustentava e, como nos cuidados paliativos o princípio é a multidisciplinaridade, busquei profissionais de saúde voluntários que pudessem untar e botar em funcionamento a engrenagem local.

O Estado, por si só, não consegue atender às necessidades de saúde evidenciadas por essa população. É preciso que iniciativas complementares se façam presentes no contexto do sofrimento humano, para que a dor seja diminuída e a dignidade seja um direito constituído e real.

O movimento da comunidade compassiva é baseado na necessidade de grupos se conscientizarem e assumirem responsabilidades na promoção da própria saúde e no cuidado com os outros. Temos um número enorme de pessoas que gritam, ainda que em silêncio, pelos cuidados paliativos, por exemplo.

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As comunidades compassivas se desenvolvem partindo do princípio de que a própria sociedade é o grande motor de mudança e a compaixão é um elemento essencial para a criação de redes de atenção. O cuidado entre indivíduos é inerente ao ser humano. O homem, marcado pela história no campo, sempre viveu em pequenos povoados, onde todos se conheciam, se ajudavam e se socorriam.

Na Comunidade Compassiva Rocinha/Vidigal, somos hoje, em média, 70 pessoas envolvidas com o trabalho, sendo 30 moradores e 40 colaboradores. Há um núcleo de liderança, que faz com que as peças do equipamento de cuidado funcionem. Este núcleo é o responsável pela interface com o poder público de saúde do local.

Há também os moradores voluntários que, diariamente, visitam os cerca de 28 vizinhos, socorridos em suas dores física, psíquica, social e espiritual. Eles levam remédios, alimentos, material de higiene pessoal, fraldas… E também cuidam da higiene de alguns deles. Todos os meses há uma reunião presencial com o grupo, e alguma nova capacitação é ministrada.

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Os profissionais de saúde voluntários — enfermeiros, médicos, terapeutas organizacionais, assistentes sociais, dentre outros — realizam visitas mensais. Eles também oferecem suporte virtual, por telefone, ao longo do mês. Por fim, há os apoiadores externos, pessoas do Brasil e do exterior que enviam contribuições destinadas à assistência direta aos assistidos, seja por meio de recursos financeiros, seja com outros recursos materiais.

Eis um modelo que facilmente pode ser implantado em outras comunidades por todo o Brasil. Sua força motora é a compaixão.

* Alexandre Silva é enfermeiro, especialista em saúde mental e gestão hospitalar, pesquisador voluntário do Grupo de Estudo e Pesquisa em Cuidados Paliativos da Fiocruz e professor da Universidade Federal de São João Del Rei (MG)

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