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Cicatrização: 8 alimentos que ajudam ou atrapalham a pele

Não é só a destreza do cirurgião que define a aparência de uma cicatriz. As escolhas alimentares fazem toda a diferença na reconstrução do tecido

Por Thaís Manarini
Atualizado em 17 jun 2019, 12h27 - Publicado em 22 Maio 2014, 14h45

Várias preocupações rondam a cabeça de uma pessoa que está prestes a realizar uma cirurgia. E o aspecto final da cicatriz, embora não seja mais importante do que recuperar a saúde em si, é uma delas. Nessas horas, a alimentação passa batida, porque muita gente desconhece que uma coisa tem tudo a ver com a outra.

“Certas substâncias encontradas em alimentos ajudam a reconstruir o tecido lesionado, seja pelo bisturi do cirurgião, seja por um acidente”, diz o médico Laércio Guerra Garcia Júnior, especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e diretor da Clínica Ephesus, em São Paulo. Na contrapartida, há itens que devem ficar de escanteio sem dó nem piedade em prol de uma cicatriz quase invisível. Quem encabeça a lista é o camarão.

O crustáceo chegou ao topo por causa de uma crença popular, é verdade, mas pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) provaram que o posto é merecido. Eles ofereceram a 40 cobaias um menu equilibrado, com boas porções de proteínas, gorduras e carboidratos. Só que uma parte desses animais saboreou um item especial: o camarão.

Depois de um tempo com essa dieta bem planejada, todos eles foram submetidos a um corte de 4 centímetros na região do tórax, tratado com um curativo. O passo seguinte foi tirar um fragmento da pele costurada de metade das cobaias de cada grupo.

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“No quinto dia após a operação, nos ratos cuja dieta continha camarão, a cicatriz se rompia com a maior facilidade”, percebeu Elizabeth Borges, professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG e uma das autoras do experimento. “No entanto, no 21º dia, quando a cicatrização já estava totalmente concluída, não observamos diferenças entre os dois grupos”, completa a cientista.

Ao dar continuidade a esse projeto, Elizabeth constatou que comer camarão modifica os níveis de algumas proteínas no organismo, levando a um estado inflamatório. De acordo com o cirurgião plástico Bernardo Hochman, professor da Universidade Federal de São Paulo, esse processo é, de fato, o pior inimigo de quem vai encarar (ou acabou de encarar) o bisturi. “Após um corte, ocorre uma inflamação normal, que sinaliza para o corpo que está na hora de cicatrizar. Mas a situação complica quando existe um estado inflamatório preestabelecido”, esclarece.

Em um quadro de inflamação exacerbada, o grande perigo não chega a ser o rompimento do tecido que está formando a cicatriz, como observado nos animais, mas sim de uma supercicatrização.

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“É que, nesse contexto, mais células de defesa são recrutadas para ajudar na recuperação da ferida. Daí há um maior estímulo para a formação de colágeno e vasos sanguíneos no local”, descreve Hochman. “Acontece que essa sobrecarga de colágeno não é bem-vinda, já que aumenta o risco de desenvolver queloide, uma cicatriz alta que ultrapassa as barreiras da pele”, completa.

Como o camarão está longe de ser o único patrocinador de inflamações, a relação de ingredientes contraindicados a quem tem encontro marcado com o bisturi não é pequena. Para ter ideia, todos os alimentos ricos em gorduras trans, como salgadinhos, sorvetes, biscoitos e congelados, figuram na lista. “Abastecidos de sódio, eles ainda promovem inchaço, mais um fator que atrapalha a cicatrização”, lembra Garcia Júnior.

Com os redutos de gorduras saturadas, como as carnes vermelhas e os embutidos, a história não é diferente (recomenda-se distância), mas há um detalhe importante. A carne, por proporcionar aminoácidos essenciais para a fabricação do colágeno – que, em doses adequadas, funciona como uma espécie de cimento para fechar a ferida -, precisa fazer parte da dieta. “A saída, então, é recorrer a cortes mais magros, a exemplo de lagarto, alcatra, coxão mole, filé-mignon e músculo”, indica a nutricionista Paula Castilho. Picanha e cupim? Nem pensar nesse período!

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Com o intuito de deixar a pele preparada para o antes e o depois do procedimento cirúrgico, Paula também recomenda que os peixes apareçam à mesa. “Eles são fontes de ômega-3, uma gordura de ação anti-inflamatória. Nesse quesito, as melhores opções são sardinha, atum e salmão”, elenca. Quem dá força extra no combate à inflamação são as frutas, por causa do conteúdo de antioxidantes. Se apostar naquelas com quantidades abundantes de vitamina C, melhor ainda. “Esse nutriente é fundamental para a produção de colágeno”, explica o médico Antonio Carlos Ligocki Campos, professor de cirurgia do aparelho digestivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No reino das frutas, cabe ressaltar, a exceção é o abacate. “Ele tem substâncias que diminuem a ação da colagenase, uma enzima que destrói o colágeno”, justifica Hochman. Parece contraditório, não? Mas é que isso afeta o equilíbrio perfeito entre a fabricação e a quebra dessa proteína, o que pode servir de estopim para o surgimento do tal queloide, aquela cicatriz que passou da conta.

Ainda entre os alimentos favoráveis à remodelação da pele, não dá para deixar as fontes de zinco de lado. “Sem ele, não há uma boa cicatrização”, crava o professor da UFPR. Hochman concorda e completa: “Está provado cientificamente que pacientes com queloide têm níveis mais baixos desse nutriente”. Tudo porque a tal da colagenase só aparece na sua presença. Sorte que é fácil encontrá-lo dando sopa por aí. “As carnes, os peixes e todos os vegetais folhosos verde-escuros concentram zinco”, aponta Paula.

Como se vê, para que a marca cirúrgica seja o mais suave possível, não basta contar com um médico pra lá de habilidoso. Depois de agendar a operação, ou mesmo após um acidente, como um corte com vidro ou queimadura, há que se fazer o dever de casa – e ele começa na cozinha. Apesar de a tarefa nem sempre ser cobrada pelo cirurgião, vale a pena segui-la à risca.

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Veja, agora, o resumo do que pode e do que não pode entrar no cardápio para melhorar a cicatrização.

Fique longe de…

…camarão

O crustáceo tem concentrações elevadas de quitosana, uma molécula que favorece a inflamação da pele.

…carne de porco

Ela também inflama a cútis, o que pode elevar além da conta a produção de colágeno e gerar uma supercicatrização – o queloide.

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…soja

As isoflavonas da leguminosa estimulam a liberação de substâncias do corpo que rendem mais e mais inflamação na ferida.

…pimenta

Ela tem capsaicina, substância que é ótima para as artérias, mas um tanto quanto agressiva para a pele. Melhor aposentar por um tempo.

Aposte em…

…fontes de vitamina C

Presente em frutas – laranja, pêssego e acerola são bons exemplos -, o nutriente é essencial para a formação adequada do colágeno, proteína que regenera o tecido.

Castanhas, nozes e afins

Além de contarem com gorduras benéficas, com poder anti-inflamatório, elas são boas fontes de zinco, mineral que garante o equilíbrio entre produção e degradação de colágeno.

Peixes e carnes magras

Os cortes magros de carne vermelha dão incentivo especial para a formação do colágeno. Já os pescados fornecem ômega-3, gordura que barra inflamações.

Vegetais arroxeados

A cor indica a oferta de antocianina, um dos antioxidantes mais efetivos para a pele. Cereja, beterraba e berinjela estão cheias dela.

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