Quem convive com os perrengues típicos da esclerose múltipla acaba de receber um baita incentivo para comer melhor: um estudo realizado na Faculdade de Medicina John Hopkins, nos Estados Unidos, constatou que dietas ricas em frutas e verduras estão diretamente relacionadas a uma melhora nos sintomas da doença. Não existem tantas pesquisas sobre a relação da alimentação com o distúrbio neurológico – o que reforça o valor da descoberta, publicada esse mês no periódico Neurology.
Para chegar a tal conclusão, foram contemplados os dados de quase 7 mil pessoas. Os indivíduos responderam perguntas sobre estilo de vida, peso, exercício físico, tabagismo e ocorrência e intensidade dos sintomas da esclerose múltipla durante os seis meses anteriores ao questionário. Entre esses sintomas, fadiga, dor, problemas de mobilidade e depressão.
Os pesquisadores organizaram essas informações de acordo com a idade e o tempo passado desde o diagnóstico da doença para cada participante. Ao final da análise, descobriram que, entre aqueles que mantinham uma dieta mais saudável, o risco de sofrer com incapacidades físicas graves era 20% menor em relação a quem não prestava tanta atenção assim ao prato.
Um detalhe importante é que as dietas “mais” e “menos” saudáveis às quais os resultados se referem foram delimitadas de forma bastante específica pelos estudiosos. A primeira era considerada assim quando envolvia a ingestão diária de uma média de 1,7 porções de grãos integrais e 3,3 de frutas, verduras e legumes, enquanto a segunda tinha 0,3 porções diárias de grãos integrais e 1,7 de vegetais.
O estudo revelou ainda que, para quem mantinha um estilo de vida saudável de maneira geral, os riscos de depressão, fadiga grave e dor diminuíam em proporções também impressionantes – em 50%, 30% e 40%, respectivamente.
Limitações do estudo
Apesar de bastante interessantes, as conclusões do estudo apresentam alguns poréns. Às vezes, o paciente não conseguiu adotar uma dieta mais saudável justamente porque os sintomas já estavam avançados – mas a pesquisa não chega a avaliar essa questão.
O fato de muitos participantes do questionário serem mais velhos, brancos e terem sido diagnosticados com a doença há mais ou menos 20 anos também apresenta uma questão complicada – já que faz com que os resultados da análise não possam ser aplicados a qualquer pessoa que sofra com esse distúrbio.
Por último, há ainda o fato de que o levantamento não foi capaz de prever se, ao adotar uma dieta mais rica em vegetais no meio do caminho, um paciente conseguiria ou não reduzir o risco de sintomas severos da doença no futuro. Mas, convenhamos: investir na alimentação saudável não faz mal a ninguém, não é mesmo?