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Vacina da gripe: o que muda em 2020

Com a ameaça do coronavírus, a campanha de vacinação da gripe foi antecipada. Saiba quem pode tomar o imunizante contra o influenza na rede pública

Por André Biernath
Atualizado em 12 abr 2021, 14h57 - Publicado em 5 mar 2020, 12h09

Em sua 21ª temporada, a Campanha Nacional de Vacina da gripe segue mais forte do que nunca. Só para 2020, o Ministério da Saúde encomendou ao Instituto Butantan, órgão responsável por fabricar as vacinas, mais de 75 milhões de doses. A meta é proteger ao menos 67 milhões de brasileiros (saiba quem pode tomar a vacina na rede pública mais abaixo). 

A estratégia, aliás, teve que ser revista de última hora: com a confirmação dos primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus no Brasil, o governo antecipou a campanha em quase um mês. Antes, a proposta era iniciar os trabalhos na segunda quinzena de abril. Agora, as primeiras doses estarão disponíveis para o público-alvo a partir do dia 23 de março. Além disso, haverá um esquema de grupos prioritários de acordo com as datas informadas pela campanha (veja mais abaixo).

“Antecipamos a campanha porque a vacina deixa o sistema imunológico 80% protegido contra cepas do vírus influenza, milhares de vezes mais comuns que o coronavírus”, justificou, em entrevista coletiva, o então ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta. “Se a pessoa avisa que foi vacinada [contra a gripe], isso auxilia no raciocínio do profissional de saúde, do médico pensar em outros vírus por trás de uma doença”, completou. 

Que fique claro: não é que a vacina da gripe diminui o risco de contágio por coronavírus. Mas, ao proteger a população mais vulnerável, a injeção evita que o influenza sobrecarregue o sistema respiratório. E se sabe que o coronavírus tende a provocar complicações entre quem está enfraquecido por uma doença ou carrega outros agentes infecciosos no corpo.

A vacinação ainda desafoga os pronto-socorros e hospitais do sistema público e privado, que vão ter menos pacientes com gripe e mais espaço para um eventual surto de Covid-19 (o nome da doença provocada pelo novo coronavírus).

A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), vê com bons olhos a decisão do Ministério da Saúde. “A antecipação é super bem-vinda. Março é a melhor época para começar a campanha, pois o vírus da gripe já circula entre nós. Quanto antes vacinarmos, mais a população estará preparada para enfrentá-lo”, acredita. Saiba como se imunizar com segurança em tempos de coronavírus aqui.

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Veja a seguir os detalhes e mudanças da campanha:

Quem pode tomar a vacina da gripe em 2020?

Houve um acréscimo relevante no público-alvo prioritário da vacinação: a partir desse ano, adultos de 55 a 59 anos também terão direito a receber uma dose nos postos de saúde de todo o Brasil (antes, o imunizante era oferecido dos 60 em diante). Abaixo, você confere a lista completa de indivíduos que podem (e devem) se proteger gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, o SUS:

  • Idosos com mais de 60 anos
  • Adultos com 55 a 59 anos
  • Crianças de 6 meses a 6 anos incompletos (5 anos, 11 meses e 29 dias)
  • Gestantes
  • Puérperas (mulheres que tiveram um filho nos últimos 45 dias)
  • Trabalhadores da área de saúde
  • Professores de escolas públicas e privadas
  • Povos indígenas
  • Portadores de doenças crônicas e outras condições clínicas (veja mais abaixo)
  • Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos que estão sob medidas socioeducativas
  • População privada de liberdade
  • Funcionários do sistema prisional
  • Profissionais de forças de segurança e salvamento (policiais e bombeiros, por exemplo)

Como dito anteriormente, a campanha de 2020 começa no dia 23 de março. Nos primeiros dias, o foco inicial estará em idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores de saúde.

A partir de 16 de abril, professores, doentes crônicos e profissionais das forças de segurança e salvamento serão incluídos. Do dia 11 de maio em diante, crianças, grávidas, adultos de 55 a 59 anos e demais públicos também poderão tomar suas doses.

Essas adequações, inéditas na história da campanha, visam justamente facilitar o acompanhamento das infecções pelo novo coronavírus. A ordem dos grupos prioritários foi pensada para facilitar o acesso dos grupos mais vulneráveis às complicações tanto de gripe quanto de Covid-19.

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A meta do governo é resguardar 90% do público-alvo. Em 2019, a campanha atingiu o seu objetivo. Porém, alguns grupos ficaram abaixo do esperado: apenas 86% dos indivíduos com doenças crônicas, 82% das crianças, 81% das gestantes, 74% da população privada de liberdade e 48% dos profissionais de forças de segurança e salvamento foram imunizados. 

Para melhorar essas estatísticas em 2020, é preciso o empenho de todos: ao tomar sua dose, você não apenas se protege, como impede que o vírus circule mais facilmente por toda a comunidade. Fique atento às datas e orientações e, se estiver dentro dos grupos prioritários, procure um posto de saúde sem demora. 

Que doenças crônicas credenciam você a tomar a vacina contra a gripe?

  • Diabetes
  • Obesidade
  • Doenças respiratórias crônicas (asma, DPOC, fibrose cística…)
  • Doenças cardíacas crônicas (hipertensão, insuficiência cardíaca…)
  • Doenças neurológicas crônicas (AVC, paralisia cerebral, esclerose múltipla…)
  • Doenças hepáticas crônicas (hepatites, cirrose…)
  • Transplantes (órgãos sólidos e medula óssea)
  • Doenças renais crônicas (paciente em diálise, síndrome nefrótica…)
  • Imunossupressão (indivíduos que estão com o sistema imune abalado por doenças ou medicamentos)
  • Trissomias (síndromes de Down, de Klinefelter, de Wakany…)

Quem está fora do público-alvo não pode tomar a vacina contra a gripe?

A vacina traz benefícios para todo mundo a partir dos 6 meses de vida. Porém, o governo informa que é impossível garantir o acesso gratuito a toda a população brasileira. Desse modo, o Ministério da Saúde elege grupos vulneráveis ou que costumam desenvolver complicações mais severas à infecção pelo influenza. 

Outro critério utilizado reflete condições específicas: indivíduos privados de liberdade, por exemplo, ficam em locais fechados, onde a transmissão do vírus é mais fácil. Professores, por sua vez, entram em contato com muita gente todos os dias — portanto, passam a doença com rapidez. 

Quem não faz parte de nenhum dos grupos da campanha pode buscar a vacina em clínicas privadas por conta própria ou com a orientação de um médico. O preço fica entre 100 e 200 reais, em média. Algumas empresas também oferecem o imunizante.

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O que vai dentro da vacina?

A receita do imunizante varia a cada ano: a Organização Mundial da Saúde monitora constantemente quais as cepas do vírus influenza que estão circulando com mais frequência nos países. Entre outras coisas, isso ocorre porque esse agente infeccioso sofre mutações constantes, que interferem na eficácia das doses.

Com base nessas informações, os experts definem uma composição da vacina para o Hemisfério Sul e outra para o Hemisfério Norte. A ideia é selecionar aquelas mutações mais perigosas e corriqueiras para minimizar seus danos.

Em 2020, a composição da vacina trivalente (com três cepas) utilizada na rede pública ficou assim:

  • A/Brisbane/02/2018 (H1N1) pdm09 like-virus;
  • A/South Australia/34/2019 (H3N2);
  • B/Washington/02/2019 like-virus.

Nas clínicas privadas, é possível encontrar uma vacina quadrivalente (com quatro cepas). Além das três anteriores, ela traz proteção contra o vírus influenza B/Phuket/3073/2013 (Yamagata).

A vacina tem contraindicações?

De forma geral, não. Até indivíduos alérgicos ao ovo estão liberados para tomar sua dose. A picada da agulha provoca, no máximo, vermelhidão, coceira e uma leve dor no local. 

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Não caia naquela história de que a vacina provoca gripe. Isso é pura ladainha. Os estudos mostram que o imunizante oferece uma boa proteção contra o vírus influenza e, muitas vezes, evita complicações nos grupos mais vulneráveis. 

Mas então por que há pessoas que, após a picada, manifestam sintomas da enfermidade? Em primeiro lugar, há a possibilidade de falha vacinal – quando a pessoa toma a dose, mas por algum motivo não gera anticorpos contra o influenza. Isso é incomum, porém eventualmente acontece. Nesse cenário, o indivíduo, mesmo vacinado, segue sem proteção contra a gripe (e pode pegá-la ao entrar em contato com alguém infectado).

Além disso, essa estratégia não funciona para outros causadores de infecções respiratórias comuns, como o resfriado.

Ainda tem o fato de que a vacina demora alguns dias para resguardar o organismo. Se o vírus invade o corpo nessa janela de tempo, a gripe pode se instalar pelo fato de o sistema imune não estar 100% preparado para promover um contra-ataque efetivo. 

Existem outras formas de se proteger da gripe?

Nada substitui a vacina. Mas é possível adotar medidas adicionais que reduzem o risco de infecção:

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  • Lave sempre as mãos ao chegar em casa, na escola ou no trabalho
  • O álcool gel ajuda quando não há uma torneira por perto, como em locais públicos ou no deslocamento diário
  • Ao tossir ou espirrar, cubra a boca e o nariz com o braço (nunca com as mãos)
  • Não compartilhe objetos de uso pessoal, como toalhas, copos e talheres
  • Ao sentir leves sintomas iniciais (dor de cabeça, cansaço, coriza…), fique em casa. Ir ao pronto-socorro correndo só provoca filas desnecessárias, entope o sistema de saúde e aumenta o risco de transmitir ou pegar outros vírus, bactérias ou fungos
  • Nos primeiros dias de doença, fique em casa de repouso para não passar o vírus para outras pessoas
  • Se os sintomas persistirem, piorarem ou aparecerem incômodos mais severos, como falta de ar e confusão mental, vá ao hospital

E a máscara: vale apostar nessa proteção? Os especialistas dizem que não. Elas devem ser utilizadas apenas por quem já está infectado, como uma medida para não transmitir o vírus aos outros. 

Como não cair em notícias falsas?

As doenças infecciosas são um terreno fértil para boatos e correntes mentirosas no WhatsApp e nas redes sociais. Todo ano, por exemplo, dizem que a erva-doce trata a gripe. Mentira. Em 2019, teve gente sugerindo até espalhar rodelas de cebola pela casa! Pura balela…

Quando receber qualquer informação suspeita, sem fontes ou autores, pesquise em veículos de imprensa sérios e nos órgãos oficiais do governo, como o site do Ministério da Saúde, ou em portais de entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações, a SBIm. Na dúvida, não compartilhe o conteúdo com seus contatos. 

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