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Saiba como está a pesquisa da vacina brasileira contra a dengue

Após alguns atrasos nos prazos iniciais, projeto do primeiro imunizante nacional contra a infecção avança e chega ao estágio final

Por André Biernath
Atualizado em 14 fev 2020, 18h23 - Publicado em 13 set 2017, 11h59

A dengue é um dos mais graves problemas de saúde pública no Brasil. Em 2015, foram registrados mais de 1,6 milhão de casos no país e 972 mortes. No ano passado, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti atingiu 1,4 milhão de pessoas e provocou 602 óbitos, de acordo com os boletins epidemiológicos publicados pelo Ministério da Saúde.

Entre as estratégias para conter essa ameaça está a vacinação. Um imunizante, inclusive, já está disponível no Brasil desde 2016. Feito pelo laboratório francês Sanofi Pasteur, ele é vendido em clínicas particulares e faz parte de programas piloto de vacinação pública, como no estado do Paraná. O produto requer três aplicações com um intervalo de seis meses entre elas. Nos estudos que serviram de base para a aprovação, foi observada uma proteção de 66% contra os quatro sorotipos da dengue.

Mas a grande promessa do momento é uma vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês). Ela está na última fase de estudos e procura atualmente voluntários de várias idades.

Se os resultados forem positivos, a nova versão, que exige uma única aplicação, será submetida à aprovação das agências regulatórias em alguns meses. A expectativa é a de que essa opção tenha inclusive maior eficácia do que a disponível hoje.

Para saber mais sobre as etapas de desenvolvimento da vacina e os desafios envolvidos nesse processo, conversamos com a bióloga Lilian Ferrari e com os infectologistas Alvino Maestri e Esper Kallas, coordenadores da pesquisa. Nas respostas, você também confere como pode se tornar voluntário:

Como está o desenvolvimento da vacina contra a dengue do Instituto Butantan/NIH?

A vacina está na última fase de testes antes de ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que possa ser produzida em larga escala e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil. Os estudos envolvem 17 mil voluntários em 16 centros de pesquisa nas cinco regiões do país.

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Vocês estão em busca de voluntários? Quais os requisitos para participar da pesquisa?

O Instituto Butantan quer verificar como a vacina reage em organismos de adultos, adolescentes e crianças para se certificar, no caso de comprovada a eficácia, que ela poderá ser disponibilizada para todos esses públicos, ampliando assim o espectro de uso do produto. Para se voluntariar, a pessoa precisa estar saudável, e pode ou não ter sido diagnosticada com dengue no passado. A última etapa consiste na aplicação da vacina em dois terços dos voluntários de 2 a 17 anos, enquanto um terço receberá a aplicação de uma substância placebo, que não tem efeito.

O que deve ser feito por quem se interessar em ser voluntário?

Os interessados devem ligar de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h, no Hospital das Clínicas de São Paulo para o agendamento de consulta. Os telefones são: (11) 2661-3344 e 2661-7214.

Quando devem sair os resultados da pesquisa e quais as expectativas que vocês têm em relação a eles?

As informações disponíveis até agora foram coletadas nos momentos anteriores de testes da vacina e apontam que o imunizante é seguro e potencialmente eficaz. No entanto, é esta última fase de testes que vai dizer se ele realmente protege contra os quatro tipos da dengue e qual é o nível de proteção para cada um dos vírus. Sendo assim, quanto antes vacinarmos todos os voluntários nessa última fase, mais cedo teremos os resultados para submissão do pedido de registro.

O que a vacina traz de benefício para a população brasileira?

A primeira vacina brasileira é produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. Quando aprovada, ela será uma importante arma na luta contra a doença, que atinge não somente a população brasileira, mas indivíduos de vários outros países.

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O que o desenvolvimento da vacina representa para a ciência brasileira?

Nosso projeto fortalece o cenário da pesquisa nacional pelo envolvimento massivo dos pesquisadores distribuídos pelas cinco regiões brasileiras, bem como pelo fato de ocorrer em Unidades Básicas de Saúde e atrelado à Estratégia Saúde da Família em alguns estados.

Quais obstáculos vocês encontraram pelo caminho?

A principal dificuldade atualmente é o recrutamento de crianças e adolescentes. Qualquer medicamento ou vacina só pode ser oferecido ao público dessa faixa etária se for aplicado antes em adultos. É importante dizer que essa é a terceira e última etapa dos testes. Isso significa que a segurança já foi testada em duas outras ocasiões: uma nos Estados Unidos, pelos parceiros do Instituto Butantan, e outra aqui no Brasil, na cidade de São Paulo.

Somando as duas fases, cerca de 900 pessoas receberam doses. Os dados disponíveis até agora dessas duas etapas anteriores mostram que ela é segura. No entanto, como em qualquer pesquisa clínica, a segurança precisa ser avaliada durante todas as fases. Por isso, também estamos verificando se a vacina mantém o padrão demonstrado anteriormente. Além disso, o Instituto Butantan teve a preocupação de desenhar o estudo de forma que primeiro sejam vacinados os voluntários adultos, depois os adolescentes e só por último as crianças.

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