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Uma pancada na memória das crianças

Batidas ou chacoalhões na cabeça podem abalar o cérebro da criança anos depois

Por Karolina Bergamo
Atualizado em 7 ago 2017, 10h44 - Publicado em 8 abr 2016, 09h21

Baques na cabeça, em especial nos pequenos, são sempre motivo de preocupação. Mas, assim que tontura, confusão, enjoo e outros sintomas de uma sacudida cerebral somem – e só sobram um galo ou uma cicatriz -, tendemos a achar que está tudo resolvido. Essa ideia, no entanto, é questionada por um estudo das universidades de Illinois, nos Estados Unidos, e de Montreal, no Canadá, conduzido com 30 crianças de 8 a 10 anos. Metade da garotada havia sofrido, em média dois anos antes, uma concussão relacionada ao esporte, enquanto o restante não apresentava histórico de lesões desse tipo. Ao realizar testes de memória, atenção e controle de impulsos, não deu outra… Os pesquisadores perceberam que a primeira turma, mesmo depois de tanto tempo do acidente, apresentou resultados um pouco piores, além de diferenças nos sinais elétricos emitidos pela massa cinzenta. Descobriram, ainda, que, quanto mais cedo na vida o menino ou a menina tinham se machucado, maior a dificuldade naqueles exames. “Isso porque o cérebro está em plena formação”, analisa o neuropediatra Erasmo Casella, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Agora vamos dar um passo atrás: concussão e trauma não são sinônimos. Só se usa o primeiro termo quando surge uma lesão no cérebro proveniente do atrito com o crânio. Aliás, não raro ela é provocada até sem contato físico – uma freada brusca no carro tem potencial para isso. “E essas alterações às vezes são difíceis de diagnosticar”, conta a neuropediatra Adriana Mandia Martirani, pós-graduanda no Hospital das Clínicas de São Paulo. A dificuldade do diagnóstico aumenta se os sinais clássicos são brandos, demoram pra dar as caras ou não são relatados. “Na hora do choque, a criança pode não reclamar de nada. Mas é possível que os sintomas apareçam após um tempo”, alerta o neuropediatra Gustavo Rodrigues Valle, presidente do Departamento de Neurologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Considerando tudo isso, convém ficar de olho nos acidentes que aparentam não ter gerado nada de preocupante – boa parte deles acontece dentro do lar. Se achar necessário, converse com o pediatra ou procure um pronto-socorro. “Atualmente, não existem tratamentos específicos para esse quadro”, afirma o neuropediatra Robert Davis Moore, um dos autores da investigação americana e canadense. Entretanto, há como remediar as repercussões do problema, a exemplo de dores de cabeça, vômitos, sonolência e convulsões. “Em certos casos, indicamos também treinamento neuropsicológico e cognitivo”, complementa Casella. Essa é uma medida para tentar melhorar as consequências de médio prazo da pancada, reveladas na pesquisa mencionada.

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Moore acrescenta que, após uma concussão, o ideal é a criança evitar esforços físicos e mentais. O repouso pode exigir até faltas na escola – artigos sugerem que esse descanso ajuda a recuperar o cérebro. Só não deixe o pequeno dormir demais logo após o choque na cuca. No fim das contas, apesar de todos os cuidados, às vezes acidentes acontecem. E é aí que uma boa conduta dos pais (sem neurose, claro) vem proteger os filhos. Tanto hoje quanto daqui a alguns anos.

Prevenir para não remediar

Há medidas que diminuem o risco de traumas e concussões na cabeça. Quando o assunto é prática esportiva, por exemplo, capacetes adequados a cada modalidade auxiliam a manter o cérebro livre de ameaças. Dentro do automóvel, instalar cadeiras de segurança compatíveis com a faixa etária da criança ameniza eventuais chacoalhões. Já antiderrapante no piso e nos tapetes e grades de proteção nas escadas tornam a casa menos propícia a acidentes. O sinal mais comum de concussão é a dor de cabeça, que pode se tornar crônica quando não tratada.

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