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Reinfecção por coronavírus em Manaus pode ter chegado a 31%, sugere estudo

Pesquisa brasileira indica que as reinfecções com a variante P.1 do coronavírus foram relativamente comuns

Por Karina Toledo, da Agência Fapesp*
Atualizado em 18 Maio 2021, 13h03 - Publicado em 17 Maio 2021, 15h40

Uma análise conduzida por cientistas do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) sugere que até 31% dos indivíduos que contraíram a Covid-19 em Manaus (AM) após janeiro de 2021 – quando a cidade foi atingida pela segunda onda da doença – correspondem a casos de reinfecção pela nova variante P.1.

O estudo foi feito a partir de amostras de doadores de sangue. Os resultados foram divulgados na plataforma medRxiv, em artigo ainda sem revisão por pares.

“Triamos amostras de 3 655 indivíduos que haviam doado sangue repetidas vezes ao longo de 2020 e início de 2021. Em seguida, selecionamos aqueles doadores que ainda não tinham sido vacinados e que haviam doado ao menos três vezes no período, tendo ao menos uma doação antes de julho de 2020 e outra após 1o de janeiro de 2021 [quando já predominava a P.1 na região]”, explica à Agência FAPESP Ester Sabino, professora da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do CADDE.

As 238 amostras que cumpriram esses requisitos foram submetidas a testes laboratoriais capazes de detectar anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), que costumam aparecer cerca de duas semanas após o início dos sintomas, ainda na fase aguda da infecção, e depois decaem com o tempo, tornando-se muitas vezes indetectáveis. Os pesquisadores partiram da premissa de que, se houvesse reinfecção, a quantidade de anticorpos subiria novamente na amostra de sangue mais recente.

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Com base nessa análise, os doadores foram classificados em quatro grupos. No primeiro, as três amostras deram negativo para a presença do vírus. No segundo, as amostras doadas em 2020 testaram positivo e as de janeiro de 2021, negativo (ou apresentaram queda no nível de anticorpos).

Na terceira turma estão os indivíduos infectados apenas pela nova variante P.1, ou seja, que foram negativos em 2020, mas positivos em 2021. Na quarta, estão os casos em que o nível de anticorpo faz um “V”: é alto na primeira amostra, mais baixo na segunda e volta a subir na terceira. “O quarto grupo é o que mais claramente caracteriza a reinfecção”, explica Ester.

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Por meio de análises estatísticas, os cientistas calcularam que os doadores que testaram positivo em 2020 tinham um risco de contrair a P.1 que variou entre 9,5% e 18%. Já para os que em 2020 testaram negativo, esse índice foi de 40%. Essa diferença sinaliza algum grau de proteção por uma infecção prévia. Ainda assim, a taxa de reinfecção calculada variou entre 16% e 31%.

“Medir a reinfecção apenas com dados oficiais é muito difícil. O jeito certo seria seguir um grupo grande de pessoas na primeira onda da doença, esperar elas apresentarem sintomas para fazer o teste de RT-PCR, guardar as amostras e depois repetir tudo na segunda onda, com os mesmo voluntários. Em Manaus isso é impossível. A maior parte das pessoas não foi avaliada pelo teste molecular na primeira onda. Por isso estamos buscando métodos alternativos para medir o risco de reinfecção pela nova variante P.1”, diz Ester.

Segundo Carlos Prete, doutorando na Escola Politécnica da USP e primeiro autor do artigo, uma limitação do estudo é que alguns casos classificados como uma primeira infecção podem, na verdade, ser reinfecções por P.1 não observadas. “Devido à subnotificação e à alta proporção de assintomáticos, um infectado tem uma probabilidade pequena de ser notificado como um caso confirmado. Por isso, mesmo com uma probabilidade de reinfecção considerável, a proporção de pacientes com duas infecções confirmadas sempre será pequena”, conclui

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*Este conteúdo é da Agência Fapesp.

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