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O que os brasileiros sabem (e não sabem) sobre diabetes

Pesquisa revela a percepção e o comportamento de 1 050 pessoas (com e sem diabetes) diante de um dos problemas de saúde mais comuns em nosso país

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 18 fev 2019, 12h15 - Publicado em 14 nov 2018, 16h04

Os números ajudam a dimensionar o tamanho do desafio por trás do diabetes. O Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países com mais diabéticos no mundo. São ao redor de 12,5 milhões de cidadãos convivendo com a doença, praticamente uma cidade de São Paulo, a mais populosa do país.

Em meio a esse contingente, estima-se que 40% das pessoas com a condição não saibam do seu diagnóstico. E menos de 30% dos pacientes em geral estejam com a glicemia controlada. Tudo o que conspira para entrar na fila de uma série de complicações capazes de encurtar a qualidade e a expectativa de vida. Hoje o problema já figura como a terceira principal causa de morte no Brasil.

É claro que há boa notícia em meio a essa história. Os avanços tecnológicos e no acesso à educação, profissionais e medicações vêm permitindo a um número crescente de brasileiros botar as rédeas sobre o diabetes. Mas – e lá vem outro balde de água fria! – é preciso ter em mente que o país possui 14 milhões de pré-diabéticos, pessoas que, se nada for feito, irão inflacionar todas as estatísticas apresentadas até aqui.

É um desafio dos grandes, não? E como é que vamos enfrentá-lo e solucioná-lo? Ora, com doses cavalares de informação e conscientização. Essas são as razões que levaram a SAÚDE e a área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril a conduzir uma pesquisa inédita, que contou com a curadoria do endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri e o apoio do laboratório AstraZeneca, para descobrir o que os brasileiros sabem e não sabem sobre diabetes.

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(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)

“Um dos achados mais relevantes é que parte expressiva dos entrevistados não tem uma percepção da gravidade do problema”, analisa Couri, que é pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e organizador do Endodebate, evento voltado a médicos onde o estudo foi apresentado.

O levantamento, realizado por meio de questionários respondidos pela internet, avaliou o conhecimento e o comportamento de 663 brasileiros sem a doença e 387 diabéticos. Um quarto dos respondentes não enxerga a enfermidade como causa de morte e, no comparativo com outras condições, aids e febre amarela são vistas como mais perigosas, ainda que apresentem índices de prevalência e mortalidade menores que os do diabetes hoje.

(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)

Outro dado que chama a atenção é que a população teme mais complicações da doença como cegueira e amputação do que os males cardiovasculares. “As pessoas ainda não se conscientizaram do fato de que a principal causa de morte entre os diabéticos hoje são os problemas do coração“, diz Couri.

O endocrinologista ressalta que há um longo trabalho pela frente, tanto para os profissionais de saúde como para a sociedade, de disseminar informação qualificada e convencer as pessoas a se cuidarem. Isso ajudaria a reverter situações como o déficit na realização de exames, apontado na pesquisa. A minoria dos entrevistados já passou por testes como hemoglobina glicada ou curva glicêmica, importantes para o diagnóstico de diabetes.

(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)
(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)

Entre os pacientes com a doença, menos da metade relatou ter realizado um checkup cardiológico no último ano e só 16% tiveram seus pés examinados. Por falar em pés, os próprios respondentes não se mostram satisfeitos com as orientações do médico sobre cuidados com os membros inferiores.

“Outro ponto crítico é que mais de 20% dos diabéticos da nossa amostra não tomaram nenhuma das vacinas usualmente recomendadas”, destaca Couri. Ao que tudo indica, está faltando comunicação nas consultas.

(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)

O estudo O Que os Brasileiros Sabem (e não Sabem) sobre Diabetes ainda escancara um conflito entre o saber e o fazer. A maioria dos entrevistados acredita que adotar hábitos saudáveis é o mais importante para o controle da doença – para alguns, mais até do que seguir o tratamento à risca -, mas há uma baita dificuldade em transformar essa percepção em prática. Prova disso é que só um pouco mais da metade dos participantes relata fazer exercícios regularmente e comer de maneira equilibrada.

Outro achado preocupante: 58% dos não diabéticos e 67% dos diabéticos se consideram acima do peso. E os quilos a mais, como se sabe, andam de mãos dadas com o descontrole da glicose.

A relação entre diabetes e alimentação rende um capítulo à parte. A pesquisa acusa a persistência de alguns mitos, bem como uma associação íntima (e, às vezes, turbulenta) com a comida. Quase 30% do público acredita que dá para curar a doença só com a dieta – o que não passa de lenda ou marketing! E um número parecido de respondentes acha que diabéticos nunca podem consumir açúcar (outra balela).

Aliás, açúcar foi, de longe, o termo mais citado quando as pessoas foram questionadas sobre a primeira palavra que lhes vem à cabeça ao falar na doença.

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(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)
(Ilustração: Estúdio Barbatana/SAÚDE é Vital)

E qual seria a principal dificuldade para o diabético domar o problema no dia a dia? Nem picadas no dedo para checar a glicose nem comprimidos e injeções. O que pega mesmo é ter de se privar de comer o que gosta. A restrição alimentar fica até na frente da necessidade de suar a camisa com frequência. Dados como esses ressaltam a necessidade de os pacientes contarem com uma orientação nutricional mais próxima – calcada em evidências, não em dietas mirabolantes.

Nesse sentido, a pesquisa como um todo reforça o papel do médico e de outros profissionais no esclarecimento, no acompanhamento e na adesão dos pacientes ao plano terapêutico e a um estilo de vida saudável. Na realidade, toda a sociedade precisa acordar e se engajar para superar os desafios do diabetes.

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