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O mais novo significado da expressão “sem sal”

Presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo explica por que os brasileiros precisam conter seu apreço pelo sal

Por Dr. Ibraim Masciarelli Pinto*
Atualizado em 13 nov 2016, 15h30 - Publicado em 13 nov 2016, 15h30

Por Dr. Ibraim Masciarelli Pinto*

O sal de cozinha é composto por moléculas de cloreto de sódio, elemento fundamental para o funcionamento do organismo, mas que, em excesso, torna-se muito perigoso. Não é de hoje que o consumo abusivo de sódio preocupa os profissionais de saúde. Sabemos que a ingestão exagerada prejudica o funcionamento dos rins e pode levar à pressão alta. A hipertensão, por sua vez, é uma das principais causas de acidente vascular cerebral (derrame), infarto e insuficiência cardíaca. Não é por menos que aconselhamos ingerir o produto com moderação e cautela.

Em decorrência desse risco, algumas leis estaduais (Espírito Santo) e municipais (Porto Alegre – RS, São José – SC e Viçosa – MG) proíbem bares e restaurantes de expor sal nas mesas, seja em saquinhos seja em saleiros, com o objetivo de desestimular o consumo exacerbado. Projetos de lei com o mesmo escopo tramitam nas assembleias legislativas dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Alguns críticos afirmam que essas leis são uma forma de restringir a liberdade de escolha das pessoas, mas devemos lembrar que o cliente pode pedir mais sal ao garçom ou ao atendente do balcão se esse for o seu desejo.

O mais importante aspecto dessas leis é despertar nas pessoas a consciência sobre o risco contido ao se fazer uso de sal acima das quantidades recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O limite estipulado hoje é de 4 a, no máximo, 5 gramas ao dia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que o consumo médio em nosso país é de 12 gramas diários — ou seja, mais que o dobro do volume adequado. Isso acontece em parte porque a sociedade ainda não despertou totalmente para o perigo de ingerir muito sódio e, em parte, porque esse elemento encontra-se oculto em diferentes alimentos industrializados e até em refrigerantes diet. Por isso, é fácil ultrapassar os níveis seguros.

Tal cenário é preocupante, conforme se pode constatar também com a análise de dados publicados pelo Ministério da Saúde, que não deixam dúvidas quanto aos malefícios do sal em excesso: se conseguirmos atender à recomendação da OMS, os ganhos serão imensos, pois os óbitos por acidentes vasculares cerebrais podem diminuir 15% e as mortes por infarto, 10%. Estima-se, ainda, que 1,5 milhão de brasileiros não precisariam de medicação para hipertensão, que seria controlada apenas pela menor exposição ao sal. Além disso, a expectativa de vida poderia aumentar em até quatro anos.

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A OMS aponta que as doenças cardiovasculares matam 17,5 milhões de pessoas por ano em todo o planeta. A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) presume que ocorram 720 paradas cardíacas no Brasil todos os dias. Em média, há uma morte a cada minuto e meio, calculando-se que, de janeiro a outubro deste ano, 285 mil óbitos por doenças cardiovasculares tenham acontecido no país. A ingestão excessiva de sal está diretamente associada a essas estatísticas. É por causa desse contexto que ações eficazes para reduzir o consumo do ingrediente necessitam ser adotadas.

Contudo, precisamos ir além das leis, como as que proíbem a exposição do produto nas mesas e balcões de bares e restaurantes, pois o mais importante é a conscientização da sociedade sobre o mais novo conceito da expressão “sem sal”. Até pouco tempo atrás, ela designava pessoas, situações ou acontecimentos sem graça ou desinteressantes. Hoje, porém, deve ser entendida como sinônimo de saúde, disposição e vida mais longa.

* Dr. Ibraim Masciarelli Pinto é cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp)

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