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Homens com HIV e tratamento em dia não transmitem o vírus a outros homens

A descoberta vem do maior levantamento já feito sobre o tema, e levou em conta relações sexuais sem camisinha ou outros métodos de proteção

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 1 dez 2019, 10h22 - Publicado em 15 Maio 2019, 12h03

O tratamento correto com os antirretrovirais não só propicia uma vida longa e saudável ao homem com HIV como pode também zerar seu risco de transmitir o vírus a outros homens. A notícia veio de um estudo multicêntrico, coordenado pela University College London, na Inglaterra, e divulgado recentemente no periódico The Lancet.

Os pesquisadores avaliaram 782 casais homoafetivos do sexo masculino – um soropositivo e outro negativo –, sendo que o parceiro com HIV fazia o tratamento para controlar a infecção e estava com a carga viral suprimida. No total, 76 088 relações sem camisinha entre os casais foram relatadas. E em nenhuma delas houve transmissão do vírus.

A investigação envolveu questionários sobre a atividade sexual dos participantes (incluindo o uso de preservativos), exames regulares para detecção do vírus e análise genética nos casos em que a transmissão ocorreu. A saber, foram 15 infecções, todas passadas por outro portador que não o homem HIV-positivo da relação.

O levantamento, feito em 75 lugares de 14 países na Europa, foi chamado de PARTNER 2, por complementar outro estudo, o PARTNER, divulgado em 2014, com resultados semelhantes, mas com acompanhamento por um período menor de tempo. No trabalho mais recente, os voluntários foram acompanhados por cerca de dois anos.

A evolução da ciência

Já é consenso que a supressão do vírus propiciada pelos medicamentos antirretrovirais zera o risco de transmissão do HIV em pares heterossexuais. Por outro lado, antes dessa década existiam poucos estudos robustos sobre casais formados por dois homens sorodiscordantes (um com o vírus e o outro sem ele).

Em 2011, o primeiro grande artigo sobre o tema mostrou uma redução de 96% na taxa de transmissão quando o membro da relação com HIV recebia um tratamento eficaz e o cumpria à risca.

Acontece que esse experimento e outros que vieram depois, como o próprio estudo PARTNER original, tinham limitações que o PARTNER 2 não apresenta. Por exemplo: em alguns deles, os casais usaram preservativo ou a PrEP (profilaxia pré-exposição). Em outros, o número de participantes era pequeno… e por aí vai.

Portanto, os dados da pesquisa PARTNER 2 estão entre os mais consistentes até agora e reforçam o potencial do tratamento contra o HIV.

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Outros desafios no combate à aids

A descoberta é mesmo impactante, mas vale ter em mente que há obstáculos maiores para derrotar de vez o HIV. Ora, a transmissão só não ocorre quando o tratamento é bem selecionado e quando o paciente adere a ele. Infelizmente, estima-se que 112 mil pessoas ainda vivam com o vírus sem saber que o carregam. E isso só no Brasil.

Em comentário publicado no The Lancet como complemento à pesquisa, o epidemiologista Myron Cohen, do Instituto para Saúde Global e Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, destaca que nem sempre é fácil fazer o teste que detecta a presença desse agente infeccioso, eminentemente por causa da vergonha e do preconceito.

Como o HIV ainda é cercado de estigmas, mesmo quem recebe o diagnóstico positivo tem dificuldade de buscar e receber tratamento. Fazer o teste e, se for o caso, seguir direitinho o tratamento evita complicações – para a pessoa e seu companheiro.

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