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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes
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Em busca do comprimido de insulina

Nosso colunista comenta as reais perspectivas de termos em breve uma insulina oral no tratamento do diabetes

Por Dr. Carlos Eduardo Barra Couri
Atualizado em 10 abr 2019, 17h59 - Publicado em 6 nov 2017, 11h19

Quando a insulina injetável foi desenvolvida por pesquisadores canadenses no início do século passado, muita gente achou que haviam encontrado a cura do diabetes. Embora a inovação não tenha erradicado o problema da face da Terra, não há como negar que representou um grande avanço. O tratamento com insulina fez aumentar (e muito) a qualidade e a expectativa de vida dessa população, que antes vivia refém de uma doença letal.

Décadas depois, apesar do surgimento de novos tipos de insulina, de agulhas de aplicação cada vez menores e menos dolorosas e das bombas de insulina, não é pequeno o número de diabéticos que gostariam de usá-la na forma de comprimidos. É um anseio antigo, com mais de 90 anos.

O grande desafio é que a insulina é uma proteína e, como tal, tende a ser digerida durante sua passagem pelo estômago e pelo intestino. Mas a ciência está de olho em uma possibilidade real.

Pesquisadores do Instituto Profil, na Alemanha, e do laboratório Novo Nordisk desenvolveram uma molécula de insulina oral que já está em fase de estudos com seres humanos.

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Para impedir que ela seja destruída pelas enzimas do sistema digestivo e consiga ser absorvida convenientemente pela corrente sanguínea, os cientistas utilizaram uma espécie de envelope conhecido pela sigla GIPET (do inglês “Gastro-intestinal Permeation Enhancement Technology”).

A insulina oral é absorvida, então, no intestino, passa pelo fígado e ganha a corrente sanguínea para promover a redução da glicose no sangue. Vale lembrar que a insulina produzida pelo pâncreas de pessoas que não têm diabetes segue a mesma rota passando pelo fígado. Muitos estudiosos defendem que essa via é a mais adequada para a administração de uma insulina “artificial”.

Quando injetamos insulina na pele (como se faz usualmente), não ocorre tal passagem pelo fígado, o que ajuda a explicar o maior ganho de peso e o maior risco de hipoglicemia que vemos por aí.

A nova insulina oral tem ação média de 70 horas, sendo considerada uma insulina basal que deve ser tomada uma vez ao dia.

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No último Congresso Europeu de Diabetes, ocorrido em Lisboa, Portugal, foram apresentados os primeiros estudos de segurança e eficácia com a medicação. As análises envolveram 50 voluntários com diabetes tipo 2 que usavam apenas medicamentos orais e ainda assim estavam descontrolados. Os pacientes tinham em média 60 anos de idade e diagnóstico de diabetes há mais de dez anos.

Metade das pessoas usou uma insulina injetável de longa duração bem conhecida e confiável – a insulina Glargina – e a outra metade usou a nova insulina oral. Num seguimento de oito semanas, os pacientes que usaram a versão oral da insulina conseguiram apresentar as mesmas reduções nos níveis de glicose sem maiores efeitos adversos. Inclusive, o número de episódios de hipoglicemia foi menor no grupo da insulina oral.

Podemos dizer que foi dado o primeiro passo para uma nova terapia promissora contra o diabetes. Essa pesquisa abre uma enorme avenida para o desenvolvimento de estudos mais completos para avaliar eficácia e segurança a longo prazo. Sem contar que há a perspectiva de testar a inovação em pessoas com diabetes tipo 1.

Mas isso são cenas dos próximos capítulos. Isso ainda faz parte do futuro do diabetes.

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