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Pediatras e outros experts da Sociedade de Pediatria de São Paulo discutem e ensinam medidas básicas para a criançada se desenvolver com saúde
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Por dentro da linguagem do autismo

Psicóloga elenca as principais características do transtorno do espectro autista, cada vez mais comentado nos dias de hoje

Por Dra. Gislene Jardim*
Atualizado em 10 Maio 2018, 14h02 - Publicado em 15 nov 2017, 10h24

O transtorno do espectro autista é um termo que deriva do quadro clínico “autismo”, descrito pela primeira vez pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner (1894-1981), e que hoje compõe um grupo de sinais de risco da primeira infância que carecem de orientação e abordagem efetiva de profissionais de saúde e educação.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, o transtorno do espectro autista atinge 80 milhões de pessoas no mundo – 2 milhões delas no Brasil. Assim, ocorre em uma a cada 70 crianças, sendo maior a incidência no sexo masculino, em uma proporção de quatro meninos para uma menina.

E quais são os sinais em bebês e crianças pequenas que pedem atenção dos pais e educadores? O desenvolvimento da linguagem na criança, bem como o uso dos códigos de comunicação que utiliza para se relacionar com os outros é o principal eixo investigativo, antes mesmo de ela começar a falar.

Um primeiro sinal importante a ser acompanhado refere-se ao modo como o bebê olha e se dirige ao seu cuidador e como ele responde ao outro no momento da amamentação, da troca de fraldas ou em outras estimulações. A criança que evita o olhar, que não responde às cócegas que seus pais fazem esperando risos, ou que não se vira quando é chamada já está sinalizando uma possível dificuldade de criar e manter laços de linguagem com os outros.

Mais adiante, quando a criança poderia falar e se comunicar, e ainda não o faz, ou então só fala partes de palavras, repete frases ou as formula de modo incompreensível, também aqui entendemos que há alguma dificuldade em estabelecer um laço com o outro por meio da linguagem.

Do ponto de vista da apresentação corporal, essa criança também mostrará particularidades, tais como movimentos repetitivos das mãos, deslizando uma mão sobre a outra, ou produzindo balanceios com o corpo. Não será raro que tais crianças criem um vínculo com um objeto escolhido, repetindo com este sempre um ritual. Também é comum que se mostrem presas à rotina, reagindo com choro ou protesto quando desafiadas a algo diferente.

Na relação com o outro, muitas vezes as crianças parecem se relacionar com partes do corpo do outro; é comum que essa criança tome a mão ou o braço de uma pessoa de modo a facilitar que ela “pegue” um objeto que está distante de seu alcance. A ausência de palavras intermediando essa relação, ou a presença de sons e ruídos que não designam a ação em si, também confirmam uma dificuldade em estabelecer com o outro uma relação de linguagem. Por outro lado, a demanda do outro, de alguma maneira, as repele.

Nos exemplos citados, vimos quanto o modo de estruturação da linguagem se faz sinal central e definitivo nos quadros de autismo. As diferenças entre as manifestações nessas crianças devem ser compreendidas como um espectro, de maior ou menor grau de complexidade.

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Em relação à fala, por exemplo, podemos encontrar desde crianças tomadas pelo mutismo até aquelas com discurso estruturado, porém monotemático, tal como na Síndrome de Asperger. Esta é uma condição considerada autismo de alto rendimento, uma vez que a fala está presente, mas de modo estereotipado, produzindo ilhas de conhecimento monotemáticos como a geografia, a matemática etc.

Por ser o transtorno do espectro autista um quadro com sinais de risco que se manifestam precocemente, recomenda-se também a intervenção precoce, de modo a amenizar ou até a reverter quadros que se mantenham em dúvida diagnóstica.

* Dra. Gislene Jardim é psicanalista, mestre e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP) e membro do Departamento Científico de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo

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