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Parto humanizado não é natureba – tem muita ciência e saúde por trás dele

O significado do parto humanizado é debatido por uma especialista, assim como técnicas que podem garantir mais segurança e menos dor na hora do nascimento

Por Ana Cristina Duarte, obstetriz*
Atualizado em 6 set 2019, 14h53 - Publicado em 31 ago 2018, 12h52

Não faz muito tempo, o parto humanizado era restrito a um pequeno grupo de pessoas que buscava, principalmente, curar as feridas abertas por partos violentos e cesarianas desnecessárias e mal indicadas. Cabe lembrar que o Brasil é um dos países campeões em números de cesarianas. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15% a proporção recomendada desse tipo de partos, no Brasil esse percentual é de 57%. As cesarianas representam 40% dos partos realizados na rede pública de saúde. Já na rede particular, chegam a 84% dos nascimentos.

Mesmo diante de números tão alarmantes, o parto humanizado vem crescendo graças ao ativismo de centenas de pessoas pelo Brasil, à ampliação da discussão sobre os direitos reprodutivos das mulheres, ao respeito ao momento do nascimento e ao desenvolvimento de programas de saúde que prezam a medicina baseada em evidências. Porém, isso não basta. Ainda existe, entre muitos, preconceito em relação à humanização do parto, o que muitas vezes acontece pela completa falta de entendimento sobre o tema.

O termo parto humanizado vem sendo usado ao longo dos últimos anos para indicar um processo, que idealmente se inicia durante o pré-natal, em que a gestação e o parto em si são encarados pela mulher e pela equipe de saúde como um evento natural, fisiológico e benéfico (quando, é claro, não há patologias associadas). Ele não é, portanto, sinônimo de parto na água ou de cócoras. E tampouco deve ser estereotipado como um processo “natureba” ou que use quaisquer outros termos pejorativos.

O parto humanizado é o atendimento dado às mulheres, respeitando seu corpo e seus desejos com o olhar para a medicina baseada em evidências. Isso é muito importante!

Estamos falando de uma prática médica que se baseia na aplicação dos métodos científicos, para que os profissionais façam o uso consciencioso, explícito e judicioso da melhor evidência atual quando decidem em seu trabalho de cuidado individual dos pacientes. Ou seja, o parto humanizado prioriza a transparência e a igualdade na relação médico-paciente e tende a deixar a mulher mais confortável e feliz com o processo de gestar e parir.

Novidades no parto humanizado

Neste ano, acontece o V SIAPARTO (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto). O evento traz dois tópicos indispensáveis para quem quer fazer atendimentos de boa qualidade.

O primeiro envolve a técnica corporal Spinning Babies, que contribui para resoluções de situações difíceis durante o trabalho de parto, desenvolvida pela parteira norte americana Gail Tully. Ela e sua equipe vão dar palestras para capacitar profissionais de saúde e de atenção ao parto no método.

Em resumo, ele ajuda a abrir a pelve da gestante para que o bebê possa se encaixar e rotacionar corretamente, permitindo que o momento do nascimento seja mais rápido e prazeroso. A técnica Spinning Babies reduz, muito, os níveis de dor.

Um segundo tema importantíssimo atende pelo nome de “Paciência Ativa”. A ideia é que os profissionais que assistem ao parto consigam respeitar sua evolução natural e agir, proativamente, apenas quando necessário.

Além disso, a oficina “Hot Topics em Amamentação” trará assuntos difíceis e pouco trabalhados no ambiente do manejo e incentivo ao aleitamento materno. Serão eles: avaliação do frênulo lingual do bebê e possibilidades de intervenção para evitar problemas durante a amamentação, hipogalactia (a baixa produção de leite, que acomete cada vez mais mulheres), como conduzir e amamentação após a volta ao trabalho.

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Pensa que acabou? Tem mais. As palestras sobre mindfulness na gestação ajudarão gestantes, médicos, enfermeiras obstetras e doulas a vivenciar e fornecer uma ferramenta poderosa na construção de uma atenção plena no momento do parto, questionando a cultura do medo por meio do estudo da neurociência.

Todos esses assuntos se entrelaçam pelos caminhos das melhores práticas médicas, pelo respeito à saúde e ao protagonismo do binômio mãe-bebê e, felizmente, chegam a um número cada vez maior de profissionais de saúde que vem, diariamente, buscando mudanças na prática da clínica médica.

*Ana Cristina Duarte, brasileira, obstetriz e idealizadora do SIAPARTO (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto)

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