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Por onde anda sua carteirinha de vacinação?

Cientista responsável por estratégias globais para vacinas pediátricas contra poliomielite, difteria, coqueluche e tétano fala sobre o papel da imunização

Por André Biernath
Atualizado em 4 jul 2018, 15h21 - Publicado em 12 Maio 2016, 13h23

A médica belga Linda Hanssens, diretora da área de vacinas pediátricas da farmacêutica GSK, esteve no Brasil para participar de algumas conferências. Nós aproveitamos para conversar com ela sobre o desafio de estudar e lançar novos imunizantes, além do impacto de manter a carteirinha de vacinação sempre atualizada.

Quais são os maiores desafios na produção de vacinas?

O grande desafio está justamente em desenvolver novas vacinas. A pesquisa leva entre dez e 15 anos, se contarmos o período entre os estudos iniciais e a liberação pelas agências regulatórias. E quanto mais complexa a doença que estamos lidando, mais intricado será o processo. As agências regulatórias também exigem muitos dados e ensaios clínicos para a aprovação. Isso é particularmente importante quando pensamos em bebês e crianças, que possuem um sistema imunológico em formação.

Nos últimos anos, surgiram algumas epidemias preocupantes, como zika e ebola. Como fica a criação de vacinas para essas doenças que crescem do nada?

Em primeiro lugar, é difícil prever quando e como acontecerão essas epidemias. Então fica complicado fabricar vacinas a tempo. Nós não sabemos quais doenças realmente vão virar grandes problemas de saúde pública. Para isso, precisamos criar estratégias e ter algumas prioridades. Como não temos recursos ilimitados, devemos pesquisar imunizantes para enfermidades que atingem o maior número de pessoas e não possuem uma forma de prevenção estabelecida.

Há muitas vacinas sendo desenvolvidas atualmente?

Nossa companhia possui mais de 60 produtos em pesquisa no momento. Claro que nem todos vão se tornar realidade, mas nossa expectativa é trazer alternativas ou melhorias para o controle de enfermidades importantes.

Alguns dados brasileiros e internacionais revelam um aumento nos casos de coqueluche [doença infecciosa que compromete o aparelho respiratório] mesmo com uma vacina disponível. Como explicar esse fenômeno?

Existem algumas razões para essa elevação dos casos de coqueluche. Em primeiro lugar, os métodos de diagnóstico estão mais eficientes. Também há a questão de as cepas se modificarem de tempos em tempos. Além disso, nós sabemos que a vacina não protege por toda a vida. Daí a importância de conscientizar a população sobre a imunização. Devemos procurar o médico para receber orientações sobre doses de reforço.

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Homens e mulheres que planejam ter filhos devem ficar atentos às suas carteirinhas de vacinação?

Com certeza. A primeira coisa é se valer dos imunizantes que o indivíduo ainda não tomou e atualizar as doses de reforço. Assim, você impede a transmissão de alguns vírus e bactérias para o recém-nascido. Os futuros pais e mães devem ter certeza de que estão com a carteirinha de vacinação em dia.

A poliomielite, conhecida popularmente como paralisia infantil, tem duas versões de vacina: a administrada por meio de gotinhas e outra que é injetável. Uma é mais eficiente que a outra?

Não, as duas têm um grau alto de eficácia e foram importantíssimas para erradicar a poliomielite em boa parte do planeta. No momento, vários países estão mudando o seu esquema de vacinação e abandonando aos poucos a vacina oral para utilizar somente as versões injetáveis. Isso faz parte de um processo de padronização.

As vacinas que são aplicadas em mais de uma dose têm um grave problema de adesão. O indivíduo vai tomar a primeira picada, mas não volta para a segunda ou a terceira. Como combater essa desistência?

Quando pensamos especificamente em bebês, os pais são mais cuidadosos. Mesmo assim, é importante reforçar que uma imunização completa é essencial para deixar o sistema de defesa preparado para enfrentar as doenças. Outra estratégia é desenvolver novas vacinas que exijam menos doses e facilitem o acesso. Porém, enquanto isso não se torna realidade, precisamos trabalhar com a informação. Isso envolve falar o tempo todo sobre a importância de cumprir as recomendações e obedecer ao esquema.

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Há alguns anos, surgiram na internet teorias da conspiração que acusavam vacinas de causarem doenças. Isso prejudicou o esquema de imunização em alguns países?

Com certeza nós tivemos um impacto inicial, especialmente em nações europeias. Mas a verdade é que as pessoas não veem doenças como poliomielite, tétano e difteria no dia a dia, como seus avós tiveram que enfrentar algumas décadas atrás. Isso é sinal de que as vacinas são realmente efetivas e tiveram um papel decisivo no controle de diversos problemas. Para que a conscientização sobre elas continue alta, temos que insistir na importância da vacinação em todas as fases da vida.

Divulgação Divulgação

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Linda Hanssens é doutora em Ciências Médicas pela Universidade de Liège, na Bélgica, onde ganhou em 2005 o prêmio Léon Fredericq Neuroscience para jovens pesquisadores. Desde 2008, a médica conduz estratégias globais para as vacinas DTP (difteria, coqueluche e tétano) e contra a poliomielite da GSK.

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