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Poliomielite: além da gotinha, crianças vão receber vacina injetável

Falta pouco para o mundo se livrar de vez da poliomielite. No Brasil, a estratégia é somar a força da vacina oral, a gotinha, com a vacina injetável

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 1 ago 2018, 15h58 - Publicado em 8 jul 2013, 22h00

Bebês vão receber as duas doses da vacina injetável até os três meses de idade
Foto: Getty Images

O adversário está prestes a ser vencido e, por isso, todo cuidado é pouco para evitar novas ofensivas. Coordenada pelo Rotary International em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio aponta queda de 99% nos casos da doença desde 1998, quando se intensificaram as ações de vacinação. No Brasil, por exemplo, há 24 anos não há registro de ataques do poliovírus selvagem. E a grande responsável por esse controle é a vacina oral (VOP), criada pelo cientista americano Albert Sabin na década de 1950.

“O baixo custo e a facilidade de administração possibilitaram a imunização de milhões de crianças nas áreas mais remotas do país”, lembra Lucia Bricks, diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da empresa. Goela adentro, as gotas – que inspiraram o surgimento do personagem Zé Gotinha – estimulam a produção de anticorpos na mucosa da boca e no sistema gastrointestinal. Então, o vírus usado em sua formulação é eliminado pelas fezes, processo que tem a vantagem de “vacinar” indiretamente quem venha a ter contato com ele.

“O problema é que esse vírus está apenas atenuado, podendo sofrer mutação e tornar a ficar ativo”, explica Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Com isso, há um risco – mínimo, é verdade – de a Sabin causar a doença: em duas décadas, depois de 1,38 bilhão de doses distribuídas em território nacional, 48 casos de paralisia foram associados à vacina. “Se quisermos eliminar a pólio de vez, com o tempo temos de migrar para a versão feita com vírus morto”, diz Kfouri, referindo-se à vacina injetável (VIP), criada pelo americano Jonas Salk, também nos anos 1950. E essa mudança de estratégia começa a ser adotada no Brasil: em agosto de 2012, a defesa que vem na seringa entrou para o nosso calendário oficial.

Vale lembrar que, embora tenha ganhado a alcunha de paralisia infantil, o problema não é apenas pediátrico. “É que as crianças menores ainda estão desenvolvendo suas defesas e têm maior dificuldade em bloquear o ataque, ficando mais suscetíveis a desenvolver o mal”, diz o imunologista Raul Emrich Melo, de São Paulo.

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Os sintomas da pólio

Três tipos de agentes infecciosos são capazes de provocar a moléstia, e todos são igualmente combatidos tanto pela vacina oral quanto pela injetável. Quando eles conseguem vencer as barreiras imunológicas, os sintomas são muito parecidos com os de uma infecção qualquer, como febre e dor de cabeça. “É um diagnóstico difícil. Só depois de alguns dias, quando um dos membros começa a apresentar flacidez, é possível diferenciar a doença”, diz Melo. “Em geral, a invasão começa mais embaixo, na medula, na região enervada responsável por fazer o músculo funcionar. Assim, as pernas enfraquecem e atrofiam”, descreve. Quando o processo acontece num ponto mais alto da medula, pode levar à morte, porque atinge as funções respiratórias e de deglutição.
Com tamanha gravidade e capacidade de desencadear sequelas pelo resto da vida, a recomendação é ficar de olho nas campanhas de vacinacão e não dar trégua a esse inimigo silencioso capaz de aproveitar qualquer brecha para voltar a dar as caras.

As diferenças entre a Sabin e a Salk

Administração

VOP – oral
VIP – injetada

Imunidade gastrointestinal

VOP – sim
VIP – não

Vírus sai nas fezes

VOP – sim
VIP – não

Risco de reverter na doença

VOP – sim
VIP – não

Veja como deve ser a sequência de doses para quem vai iniciar o processo de imunização

2 meses (idade mínima – 6 semanas) – VIP/Salk

4 meses (intervalo mínimo – 30 dias) – VIP/Salk

6 meses – VOP/Sabin

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15 meses – VOP/Sabin

Como o vírus ataca

1. O poliovírus entra no organismo e alcança o intestino. Ali, invade as células que ficam na parede desse órgão. Uma vez dentro delas, sua casca protetora se rompe e seu material genético (RNA) é liberado.

2. As fitas de RNA do vírus chegam ao ribossomo, estrutura onde são produzidas proteínas da célula. Ali, o micro organismo forma novas cápsulas e se reproduz.

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3. A partir daí, as células hospedeiras explodem, liberando novos vírus para o sangue. E eles, por sua vez, buscam tomar células nervosas, como as que participam da coordenação motora.

Onde entra a vacina

Ao ser ingerida, a gotinha da Sabin viaja até o intestino, onde seus vírus atenuados se replicam e formam colônias. Eles permanecem ali de quatro a seis semanas, criando imunidade local. Já a Salk, feita de vírus mortos, é injetada no músculo da coxa e induz a produção de anticorpos neutralizantes a partir da corrente sanguínea.

Fontes: Iniciativa Global de Erradicação da Pólio e Ministério da Saúde

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