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Brasileiros querem dormir melhor, mas não conseguem. Por quê?

Segundo um novo estudo, 44% da população global sente que seu sono piorou nos últimos cinco anos. No Brasil, 36% reclamam de insônia

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 14 mar 2019, 12h30 - Publicado em 14 mar 2019, 12h27

Até pela proximidade com o Dia Mundial do Sono, a empresa de tecnologia Royal Philips encomendou uma pesquisa para mapear a percepção de 11 006 moradores de 12 países sobre a qualidade do próprio sono. Entre outras coisas, o levantamento revela que, apesar de 69% dos brasileiros acreditarem que dormir tem um impacto importante na saúde e no bem-estar, 36% reclamam de insônia recorrentemente.

Foram entrevistados moradores de Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Japão, Holanda, Cingapura, Coreia do Sul e Estados Unidos. Quando olhamos para o quadro global, 77% dos adultos reconhecem que o sono é essencial, mas 62% admitem que não dormem direito e somente 10% afirmam ter ótimas noites de repouso.

Metade de todos os entrevistados também acha que o descanso noturno é o fator mais importante para o bem-estar. Segundo esse pessoal, ele estaria na frente da alimentação (41%) e do exercício físico (40%).

Só que, de novo, caímos em uma aparente contradição: seis em cada dez voluntários se queixam de sonolência diurna pelo menos duas vezes por semana e 67% frequentemente acordam uma vez ou mais na madrugada.

“Esses dados sugerem que as pessoas estão despertando para a realidade de que o sono é fundamental. Mas, para a maioria delas, a qualidade ainda é algo fora do alcance”, comenta em comunicado à imprensa, o psicólogo Mark Aloia, líder global do departamento de Mudança de Comportamento, Sono e Cuidados Respiratórios na Philips.

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O que atrapalha o relaxamento

Infelizmente, 44% dos entrevistados contam que seu sono piorou nos últimos cinco anos, enquanto apenas 26% dizem que melhorou e 31%, que não mudou em nada. Os aspectos mais citados que levam a esse cenário são ansiedade e estresse (54%), um local inadequado para dormir (40%), cronograma escolar ou profissional (37%) e problemas de saúde (32%).

No Brasil, um número significativo de indivíduos cita distrações com entretenimento como um complicador: 35% reportam que televisão, filmes e redes sociais afetam o descanso.

Três quartos dos entrevistados passam por pelo menos uma condição que impacta a hora de recarregar as energias, desde insônia até apneia. Entre os 10% dos portadores desse último problema, 65% não fazem tratamento.

Acontece que as consequências de menosprezar os distúrbios do sono não são poucas:

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Repor sono no fim de semana não adianta

Recomenda-se que as pessoas durmam cerca de oito horas por dia. Entretanto, a média de tempo diária no mundo é de 6,8 horas nos dias úteis e 7,8 aos finais de semana.

Não à toa, 63% confessam que recuperam o sono perdido na semana aos sábados e domingos. No Brasil, além desse número ficar em 52%, 60% afirmam ter um horário diferente para dormir nos finais de semana.

E a ciência traz uma má notícia nesse sentido. Um estudo recente da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, sugere que hibernar nos fins de semana não compensa a falta de sono nos dias úteis – pelo menos quanto a certos indicadores de saúde.

Os cientistas americanos chegaram a essa conclusão depois de analisar 36 adultos que pernoitaram em laboratório por duas semanas. Os voluntários, entre 18 e 39 anos, foram divididos em três turmas.

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A primeira deveria dormir nove horas durante nove noites. A segunda, chamada de “grupo restrito”, precisava dormir cinco horas por dia no mesmo período.

O restante do pessoal era obrigado a repousar por não mais do que cinco horas durante cinco dias seguidos. Já no fim de semana, poderia ficar na cama o quanto quisesse. Após esse período, esses voluntários passaram mais dois dias adormecendo por cinco horas.

Pois bem: os dois últimos grupos lancharam mais no decorrer da noite, ganharam peso e sofreram um aumento na resistência à insulina – um marcador ligado do diabetes tipo 2 –, quando comparados à turma que dormiu nove horas por dia.

Por mais que a tentativa de recuperar o sono no fim de semana tenha reduzido ligeiramente a ingestão de alimentos na madrugada nesses dias, tal benefício foi embora quando a restrição recomeçou.

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Fora isso, o relógio biológico desses indivíduos foi afetado. Eles acabaram ficando acordados até mais tarde no domingo, apesar de terem que levantar cedo na segunda-feira.

O recado, portanto, é tentar criar um ritmo equilibrado de horas dormidas.

O caminho para conquistar uma boa noite de sono

De acordo com o pneumologista Teofilo Lee-Chiong, chefe do departamento de Contato Médico da Philips, os estudiosos da área ainda estão tentando entender esse desejo irrefreável de ficar acordado até tarde. Convenhamos: essa é uma marca da atualidade.

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“Hoje, talvez pela primeira vez, as pessoas estão escolhendo dormir regularmente menos do que precisam por razões além da sobrevivência”, atesta o pneumologista.

Teofilo Lee-Chiong aponta que mudanças no horário de início das aulas, medidas de apoio à soneca no trabalho e o maior acesso a médicos ajudariam a atenuar as consequências adversas desse mau hábito.

Apesar dos resultados preocupantes, a pesquisa da Philips revela que a população tem demonstrado interesse em mudar. Ela só não sabe como fazer isso: 80% alegam querer melhorar a qualidade do sono, porém 60% não procuram ajuda profissional.

Mark Aloia alega que isso seria motivado pelo custo das consultas e pela falta de confiança no sistema de saúde para fornecer opções fáceis que levam a resultados reais.

“Se quisermos levar o sono a sério e abordar os aspectos sociais e emocionais relacionados à má qualidade dele, temos de começar a demonstrar que podemos abordar esses problemas de maneira fácil e significativa, apoiada pela ciência clínica sólida”, conclui o psicólogo.

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