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Como bactérias criam resistência a antibióticos?

Entenda as táticas empregadas por elas para driblarem os remédios e saiba o que você pode (e deve) fazer para ajudar a conter essa ameaça à saúde pública

Por André Biernath
Atualizado em 25 nov 2019, 14h30 - Publicado em 16 Maio 2016, 12h36

Antibióticos são remédios que combatem infecções destruindo partes específicas das bactérias que as causam. Para sobreviver ao ataque, algumas delas se adaptam e criam resistência à medicação. Aí, essa bactéria praticamente imune ao remédio consegue disseminar seu “superpoder”. Por isso que tomar antibiótico sem o pedido médico é tão perigoso para a sua saúde e a da população em geral. Veja abaixo todos detalhes desses processos.

A ação dos antibióticos:

1. Sem guarnição
Alguns medicamentos abalam a parede e a membrana celular da bactéria, estruturas que funcionam como muros protetores e que regulam a entrada de água e outras moléculas. Logo, se surgem buracos nelas, o micróbio fica bastante vulnerável.

2. Genética afetada
Os fármacos podem agir diretamente no material genético do bicho. Sua ação induz a ocorrência de erros no DNA, que vão deixá-lo em parafuso. Outras drogas se dirigem aos ribossomos, que fabricam as proteínas necessárias para a bactéria. Sem elas, não há como sobreviver.

3. Restrição na dieta
O ser microscópico é dotado de um mecanismo que transforma o ácido paraminobenzoico (PABA) em ácido fólico – vitamina essencial na criação do código genético bacteriano. Determinados antibióticos bloqueiam a conversão do PABA. É como se matassem a bactéria de fome.

A resistência das bactérias:

1. Efeito chaminé
Certas bactérias, ao entrarem em contato com um remédio, superativam a chamada bomba de efluxo, uma chaminé que expulsa substâncias nocivas a elas.

2. Reforma esperta
É comum que enzimas e receptores alvejados pelos antibióticos se modifiquem após os primeiros ataques. Aí, as armas dos médicos não conseguem mais agir.

3. Atiradoras de elite
Enzimas específicas, que neutralizam o antibiótico antes de ele chegar ao seu destino, passam a ter uma ação de destaque entre os germes resistentes.

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Como a resistência de uma bactéria se espalha:

1. Passa-anel
Um micróbio transmite partes de seu DNA que conferem proteção contra uma droga para outros que estão nas proximidades.

2. Pilhagem
O inimigo ainda consegue pegar trechos genéticos de bactérias já resistentes mortas e os inclui em seu próprio genoma.

3. Infecção da infecção
Vírus chamados de bacteriófagos, ao invadir uma bactéria, tomam para si pedaços de genes resistentes e os transmitem adiante, infectando outras.

4. Seleção natural
Um fármaco elimina as bactérias frágeis, porém uma ou outra mais forte pode sobreviver. Aí, ela se reproduz e, aos poucos, vira uma maioria difícil de erradicar.

De quem é a culpa:

1. Droga sem prescrição
Tomar antibiótico para qualquer coisa – sem o pedido médico – é um dos maiores perigos. Outro chabu é largar o tratamento pela metade.

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2. Descarte inadequado
Remédios arremessados na pia, na privada ou no lixo podem entrar em contato com bactérias, tornando-as mais fortes. Leve-os a farmácias.

3. Lixo hospitalar
O sistema de esgotos dos hospitais, se não recebe o devido tratamento, lança germes resistentes no ambiente.

4. Lavouras e criadouros
Muitos produtores exageram na hora de aplicar medicações que afastam as bactérias em animais e até nas plantações.

As nossas mãos estão sempre em contato com superfícies repletas de micróbios perigosos. E não existe melhor maneira de acabar com eles do que limpando dedos, unhas e palmas. Clique aqui e veja 8 passos para higienizá-las bem.

Dados reveladores do Conselho Global de Higiene:

  • 83% dos 16 mil entrevistados pensam que sua casa oferece baixo ou nenhum risco de infecção, mas…
  • 45% dos objetos da moradia podem estar contaminados com bactérias.
  • Só 36% sabem que micróbios causadores de dores de barriga estão nos domicílios.
  • Apenas 29% dizem que a bucha do banho tem muitas bactérias. Pasme: ela é campeã de sujeira.
  • 16% não lavam as mãos após visitar o banheiro. Eca!

Revolução ao acaso

Foi meio sem querer que o bacteriologista escocês Alexander Fleming (1881-1955) descobriu, em 1928, a penicilina, o primeiro antibiótico da história. Ao voltar de férias, ele notou que um tipo de fungo, o Penicillium chrysogenum, havia invadido seu laboratório e, curiosamente, inibido o crescimento de bactérias cultivadas ali. Esse caso fortuito viria salvar milhões de vidas de infecções antes letais.

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